Em união inusitada por conta da rivalidade histórica dos partidos, dois vereadores de São Caetano, o petista Pio Mielo e o tucano Beto Vidoski, tentam de forma coletiva convencer o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) a criar uma secretaria que se dedique exclusivamente à produção de projetos para angariar recursos nos governos federal e estadual. A dupla avalia que a administração não tem aproveitado oportunidades para turbinar o Orçamento de R$ 1,035 bilhão.
Como o País é chefiado pela petista Dilma Rousseff e o governo paulista pelo tucano Geraldo Alckmin, os parlamentares trazem argumentos diretos dessas gestões de que São Caetano não tem pleiteado formalmente investimentos.
Mas o fato é que Pinheiro esteve diversas vezes em Brasília com seu correligionário, o vice-presidente Michel Temer, no Palácio dos Bandeirantes com o governador e também secretários, além de ter recebido deputados e em todas as ocasiões solicitou ajuda financeira sem, no entanto, formalizar o pedido.
“São Caetano está passando por um momento complicado por conta da dívida financeira (de R$ 264,5 milhões) e deveria aproveitar essas oportunidades para investir. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), esteve na região várias vezes e a cidade não fez nenhum projeto para receber recurso federal. É preciso uma Pasta exclusiva para buscar esses projetos em todos os setores”, defendeu Pio.
A proposta de nova secretaria trabalharia em cima de todos os setores, oferecendo auxílio e orientação na elaboração de projetos que poderiam contemplar a cidade. “Eu visitei o secretário (paulista) de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), e ele me disse que só poderia ajudar se nós apresentássemos um projeto. Tem dinheiro à disposição e o governo não apresenta nenhum projeto”, reclamou Vidoski.
O tucano ainda levantou bandeira do PSDB, as PPPs (Parcerias Públicos-Privadas), sugerindo que esse tipo de relação também poderia ser explorado pelo Paço.
Os dois parlamentares citaram os deputados federais Paulo Teixeira (PT) e William Dib (PSDB). “Estão dispostos a auxiliar a cidade, mas também precisam de um projeto para justificar a indicações de emendas para cidade”, disse Pio.
A falta da CND (Certidão Negativa de Débitos) gerada por uma dívida de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) tem impedido São Caetano de receber qualquer recurso de outra esfera. “É preciso resolver essa questão com urgência, para esse projeto funcionar”, considerou Pio. “A cidade foi julgada apenas por um integrante do TRF (Tribunal Regional Federal) e deveria ter sido julgada por um conselho. Acho que estamos próximos de desatar esse nó”, avaliou Vidoski.