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Confissão de Arruda divide senadores
Do Diário OnLine
Com Agências
23/04/2001 | 18:26
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O discurso feito pelo ex-líder do governo no Senado José Roberto Arruda (PSDB-DF) na tarde desta segunda-feira no plenário da Casa dividiu seus colegas. A oposição mantém-se firme no propósito de punir Arruda pela violação, enquanto membros do conselho de ética (responsável pela investigação sobre o caso) parecem ter recebido a confissão com mais otimismo.

Arruda confirmou o teor das declarações da ex-diretora do Prodasen Regina Célia Borges sobre a lista de votos da sessão que cassou Luiz Estevão (em junho do ano passado) e assumiu ter lido a relação, assim como o então presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).

"A confissão não revoga a pena", comentou a senadora Marina Silva (PT-AC) sobre a iniciativa de Arruda em subir ao plenário para dar sua versão da violação do painel e tentar esclarecer os fatos. Ela continua achando que houve quebra de decoro parlamentar e que deve ser aplicada a punição prevista no regimento interno.

Ela também descartou a hipótese de a funcionária Regina Célia Borges ter violado o painel de moto próprio, como disse Arruda. “Foram duas pessoas de alta responsabilidade no Senado que fizeram isso”, afirmou a senadora, em referência a Arruda e ACM.

O senador Jefferson Peres (PDT-PA) também acredita que a confissão de Arruda não ameniza a situação do ex-líder tucano. Ele afirmou que “não haverá mais Senado” se os parlamentares continuarem a ser absolvidos quando contarem uma mentira e voltarem atrás pouco depois. O paraense lembrou que Arruda havia jurado na semana passada não ter contato com a lista de votos – fato desmentido nesta segunda-feira.

"Espero que o Conselho faça justiça a seu nome: Conselho de Ética", afirmou Peres. O senador da oposição quer também a punição de Antonio Carlos Magalhães e propôs uma acareação entre os dois parlamentares e Regina Borges para que sejam confrontadas as diferentes versões.

Alívio - O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), disse que o fato de o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF) ter assumido sua participação na violação do painel eletrônico atenua sua situação em um possível processo de cassação. "A confissão do delito muda o quadro e atenua a gravidade", afirmou. Para o corregedor, Arruda livrou-se da acusação de perjúrio (mentira em depoimento oficial) ao admitir ter participado na violação.

Segundo Tuma, as diferenças entre o depoimento da ex-diretora do Prodasen Regina Borges e o discurso de Arruda não são “mera retórica”, já que, em sua opinião, é possível que ela tenha entregue a lista com o objetivo de agradar o senador. Ele considera que o depoimento de Arruda no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ainda é necessário.

O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), afirmou que o discurso de Arruda foi “importante” e deve abreviar os trabalhos do Conselho. Tebet destacou o fato de o tucano ter assumido o contato com a lista e confirmado que Antonio Carlos Magalhães também a viu.

Em entrevista à TV Globonews, Tebet afirmou que não existe “acordão” no Congresso para que Arruda e ACM sejam suspensos temporariamente, evitando cassação de mandato.

Ele disse que o Conselho de Ética e o restante do Senado vão agir “com consciência” para cobrar e punir os culpados no caso da violação dos votos secretos.




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