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Lula diz que seus antecessores foram 'covardes'
Do Diário OnLine
30/10/2003 | 23:21
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a acionar a sua 'metralhadora' de críticas contra os seus antecessores. Nesta quinta-feira, durante discurso no novo aeroporto do município de Campina Grande, na Paraíba, o petista afirmou que eles "foram covardes e não tiveram coragem de fazer o que precisava ser feito pelo país".

Lula exaltou o fato de ter agüentado firme "a cara feia da direita ou da esquerda" e se vangloriou por ter conseguido construir o maior partido de esquerda do país. Segundo ele, nada o impedirá de fazer pelo povo aquilo que ele merece.

"Eu transformei-me num sindicalista mais importante deste país sem medo de cara feia de direita ou de esquerda. Transformei-me e criei um partido político que, em 20 anos, se transformou no partido político de esquerda mais importante do Brasil, e havia muita gente que não queria. O partido está criado, o sindicalismo é forte e, graças a vocês, da Paraíba, pelo menos a grande maioria, eu estou presidente da República", afirmou.

Vergonha - Quanto à região do semi-árido, o presidente disse que a fome causada pela seca é decorrente da "falta de vergonha" dos governantes. "É preciso acabar com essa história de culpar a seca pela desgraça no Nordeste. A seca é um fenômeno da natureza e a fome causada por seca é por causa da falta de vergonha dos homens que deveriam ter a responsabilidade de acabar com esse mal", disse.

Lula aproveitou a oportunidade para anunciar um pacote de ações como a liberação de dinheiro para saneamento básico, transposição do rio São Francisco e criação do Instituto Nacional do Semi-árido, em Campina Grande.

Reformas - Como em todos os seus discursos, o presidente voltou a defender a necessidade de se aprovar as reformas da Previdência e a tributária ainda este ano. Desta vez, a previdenciária recebeu uma atenção toda especial de Lula. "Aprovamos a reforma da Previdência Social, porque Previdência é direito e não privilegio."

Sobre a insatisfação de alguns governadores com o texto da tributária, aprovado nesta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o presidente revelou que não será possível atender a todas reivindicações. Lula chegou a afirmar dorme "tranqüilo" todas as noites.

Intelectuais - Nem os intelectuais escaparam das críticas de Lula. Ele disse ter plena convicção que o fato de ter sido eleito presidente da República contrariou as expectativas de muitos pensadores.

"Não estava previsto nas escritas de alguns poucos intelectuais brasileiros ou de alguns poucos políticos que um metalúrgico pernambucano pudesse chegar à Presidência da oitava economia mundial do planeta Terra", disse.

Protesto - Durante o seu inflamado discurso, Lula não se importou com um pequeno grupo de servidores públicos que protestava contra as reformas promovidas pelo governo. Para tentar irritar o presidente, os manifestantes começaram a gritar como "O que é isso companheiro?. Essa reforma é para banqueiro" e "Você pagou com traição a quem te deu a mão".

Talvez estimulado pela insistência, o petista aumentou o tom de voz e reafirmou a intenção do seu governo de fazer, dentro dos seus quatro anos de mandato, todas as reformas necessárias. "Vamos fazer a reforma agrária, a da legislação trabalhista, da estrutura sindical e faremos tantas quantas forem necessárias neste país, porque ele precisa recuperar a auto-estima e não pode ser um país de 35 milhões de famintos."

Lagoa Seca-PB - Após deixar Campina Grande, Luiz Inácio Lula da Silva seguiu para a cidade de Lagoa Seca, também na Paraíba. Antes de discursar mais uma vez para a população, ele inaugurou dois reservatórios de água das chuva do Programa 1 Milhão de Cisternas – uma parceria do governo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e organizações não-governamentais (ONGs).

As palavras de Lula novamente seguiram a linha de ataque aos políticos que administraram o Brasil antes dele. "Os governos não investiram nisso e não quiseram botar dinheiro debaixo da terra, porque não dá para colocar nome de parente em manilha."

Para conquistar o apoio das pessoas que estavam presentes no seu discurso, o presidente pediu para que todos cobrasse as promessas por ele feitas. "Não deixem de me cobrar. Pelo amor de Deus, não deixem de cobrar de mim aquilo que prometi para vocês durante muito tempo."

Juazeiro-BA - Depois de deixar Campina Grande, na Paraíba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para a da Feira de Agricultura Irrigada, no município de Juazeiro, na Bahia.

Em seu rápido discurso, Lula voltou a atacar as administrações anteriores. No entanto, desta vez, ele fez uma crítica direta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o petista, ainda há muito o que fazer, já que ele pegou um Brasil abandonado.

O presidente destacou o trabalho de engenharia genética que a Embrapa está desenvolvendo. "A genética evolui muito e a Embrapa é uma das extraordinárias empresas do mundo, nossos pesquisadores provaram que a parceria terra fértil, água e solo pode dar certo também no Nordeste", declarou.

Aos final de suas palavras, Lula defendeu a importância da viagem que vai fazer à África, neste fim de semana, e ao Oriente Médio, em dezembro. Segundo ele, é importante que o Brasil estreite as relações econômicas e comerciais com as nações que não façam parte da Europa. Lula revelou que o seu ciclo de visitas vai se encerrar após rápida passagem por Índia, China e Rússia.

Neste momento, o presidente e a comitiva embarcam de volta para Brasília com chegada prevista para a meia-noite.

Comitiva - Integram a comitiva do presidente que viaja ao Nordeste os ministros da Integração Nacional, Ciro Gomes; das Cidades, Olívio Dutra; do Trabalho e Emprego, Jaques Wagner, e de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano.




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