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Em média, 13% dos livros didáticos da rede pública são perdidos a cada ano
Da Agência Brasil
14/12/2008 | 10:51
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A cada fim de ano letivo, em média 13% dos livros didáticos não são devolvidos pelos alunos da rede pública ou precisam ser aposentados em função do mau estado de conservação.

O cálculo é do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), que coordena o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático). Cada publicação tem durabilidade prevista de três anos, mas cerca de 10% do orçamento anual do programa é gasto com a reposição de exemplares.

"Cada escola determina o prazo para a devolução, mas a gente sugere que seja até o final do ano letivo. Entretanto, até o início do próximo ano, em fevereiro, os livros também podem ser devolvidos", explica a coordenadora do PNLD, Sônia Schwartz.

Segundo ela, o FNDE mantém campanhas permanentes com as escolas sobre a necessidade de se cuidar bem dos livros. "A questão é um pouco cultural também, as coisas do governo parecem que não têm dono. É preciso criar essa cultura de que o livro não é gratuito, mas pago com os impostos de todos nós, inclusive dos pais dos alunos", destaca.

Na Escola Classe 34 de Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, a diretora Gizêlda de Andrade comemora a entrega de 92% dos 2,4 mil livros da escola, a uma semana do fim das aulas. Os livros recolhidos estão em ótimo estado e alguns sequer parecerem que foram usados. O bom resultado, na opinião de Gizêlda, deve-se ao projeto de estímulo à leitura desenvolvido pela escola.

"Isso começa cedo, desde a pré-escola. Os alunos levam livros infantis para casa para serem lidos pelos pais e, como não sabem escrever, desenham para contar o que entenderam daquela história. A idéia é sensibilizá-los sobre o manuseio do livro. Quando eles chegam à 1ª série já têm a noção do cuidado", conta a diretora. A leitura tem papel de destaque no projeto pedagógico da escola, que este ano lançou dois livros de poesias com textos dos alunos.

Os pais também assinam um termo de compromisso no início do ano. O documento não tem validade legal, mas a intenção é estimular a noção de responsabilidade da família pelo material. "Os alunos pedem um livro novinho no início do ano, mas a gente diz que, para isso, ele precisa cuidar do livro dele também", diz Gizêlda.

Thomas Moraes e Daniel Neves, alunos da 4ª série, dizem que cuidam bem dos livros porque receberam as obras em bom estado e não acham justo devolvê-las rasgadas ou rabiscadas. "Ano que vem o meu irmão vai para a 4ª série, já pensou se eu mesmo rasgo o livro e passo para o meu irmão? Não dá, por isso eu cuido como se fosse meu", explica Daniel.

Tatiana Brito, professora da escola, acredita que os projetos de incentivo ajudam a formar leitores conscientes. "Eles aprendem não só a gostar de ler, mas a zelar pelos livros. Vão ser leitores mais competentes. A gente quer formar uma geração com consciência do que é público", afirma.

Segundo a coordenadora do Programa Nacional do Livro Didático, se o índice de obras não devolvidas em cada escola for maior do que 13%, podem faltar exemplares para atender a todos os alunos. "O FNDE repõe até esse índice, por isso é preciso que as escolas fiquem em cima", orienta Sônia. Em 2009, o fundo vai distribuir 103 milhões de livros didático para a rede pública de ensino.




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