O dramaturgo, diretor e ator Sérgio Pires, de Santo André, tem a peça 'Resto de Cerveja em Copo Transparente' no Ciclo de Leituras Devassos na Dramaturgia, um dos eventos ligados à Parada do Orgulho GLBT de São Paulo. Dirigida por ele mesmo, a leitura dramática está marcada para o dia 23 no Tusp, em São Paulo. Pires também participou da primeira versão do ciclo, no ano passado, quando houve a leitura de O Jogo na Partida do Jogo.

Eloisa Elena e Eduardo Reyes se encarregam dos personagens, um casal que se desentende quando ela cisma que ele tem um caso com o melhor amigo. “Ela, que apresentou a ele o universo GLBT, o abandona. O conflito dele, depois da separação, é não ter alguém que o entenda”, diz Pires.

São três os textos de Pires que abordam o mundo homoerótico – Esta Noite Ouvirei Chopin estreou em 2000. “O primeiro critica posturas do gay e do heterossexual, O Jogo na Partida do Jogo fala sobre o amor entre mulheres e Resto de Cerveja em Copo Transparente discute até que ponto quem se diz simpatizante sofre preconceito. Mas nenhum deles levanta bandeira”, afirma.

Pires não teme ter seu trabalho marcado pela temática GLBT. “A Cia. Teatro no Pires (por ele dirigida) tem só um espetáculo que aborda esse universo, Esta Noite Ouvirei Chopin. Não há projeto para montar os outros textos. Penso que o artista deve transitar por todas os temas. Se tivesse sido convidado para um ciclo sobre religiosidade indiana, escreveria a peça. E as três peças deixam o retrato gay em segundo plano, o que importa é a discussão humana”, diz.

Para ele, o tema da Parada, “Temos família e orgulho”, “é bastante pertinente”. A relação entre família e orgulho é uma questão que “os gays devem administrar”. “A família tem de se desprender de certos conceitos e o homossexual, valorizá-la. É importante não perdê-la”, afirma.