A organização Anistia Internacional acusou nesta quinta-feira as autoridades russas de "fecharem os olhos" para a multiplicação dos crimes racistas no país, e pediu à Justiça russa que qualifique estes crimes como "racistas" e não como simples atos de "hooliganismo" (vandalismo), como costuma fazer.

"Em muitos casos, as autoridades qualificaram os ataques de 'hooliganismo', razão pela qual uma parte delas fechou os olhos diante destes crimes", critica a organização de defesa dos direitos humanos em seu relatório "Rússia: o racismo violento fora de controle", que será publicado nesta quinta-feira.

Os ataques, às vezes mortais, cometidos contra cidadãos estrangeiros, aumentaram nos últimos dias. Freqüentemente, são praticados por grupos de 'skinheads', que na maioria dos casos atacam caucasianos, cidadãos das antigas repúblicas soviéticas da Ásia central, asiáticos e africanos.

Só em Moscou, a Anistia registrou pelo menos sete crimes racistas em 2005 e 107 ataques.

"Os ataques racistas e os assassinatos de estrangeiros e de membros de minorias étnicas são anunciados com uma regularidade chocante", acrescentou a Anistia, que se mostra preocupada com a freqüência "que parece estar em alta".

A ONG destaca o caso de um estudante senegalês assassinado em 7 de abril, em São Petersburgo, por desconhecidos que exibiam uma escopeta com uma cruz gamada.

"A resposta das autoridades russas (...) é flagrantemente inadequada", denuncia a Anistia, que pede que as autoridades tomem "medidas imediatas".

"O fracasso do Estado" em deter estes crimes "parece que não fez mais que estimular o aumento da xenofobia e o neofascismo na Rússia", acrescentou a organização, que também denunciou o racismo "dos agentes do Estado", que cometem "detenções arbitrárias" de imigrantes da Ásia Central e do Cáucaso, que trabalham ilegalmente na Rússia.