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Ao abrir capital, empresa capta recursos
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
09/05/2010 | 07:35
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Para ter suas ações negociadas na Bolsa de Valores, a empresa deve abrir o capital. Este processo significa enquadrá-la dentro da Lei das Sociedades Anônimas. Portanto, ela será dividida em vários pedaços, os chamados títulos, para que os investidores comprem parte dessa empresa e se tornem sócios.

Os recursos captados com essa venda engordam os cofres da companhia, que por sua vez pode realizar investimentos, tanto para desenvolvimento e ampliação, quanto para a aquisição de matéria-prima, serviços ou transações maiores.

Mas para colocar títulos em negociação na Bolsa, a companhia precisa estar preparada para se enquadrar na Lei das Sociedades Anônimas. Basicamente, é necessário deixar a empresa transparente, apresentar todos os resultados e, divulgar publicamente ao mercado, todo e qualquer passo, seja ele positivo ou negativo. Tudo isso para que o investidor, que é sócio a partir do momento em que adquirir as ações, saiba o que acontece com a sua empresa.

De acordo com a gerente de desenvolvimento da BM&FBovespa, Patrícia Pellini, não existe limite de porte para que a empresa abra o capital, porém ela deve ser atrativa aos investidores. Ela conta que não existe um momento certo para o empresário decidir abrir o capital, mas "o principal é quando ele é procurado por um banco de investimento".

Essa instituição é o agente externo, que mostrará interesse em realizar a primeira oferta de ações da empresa, obrigatório para a abertura de capital.

O lançamento no mercado do primeiro lote de ação é chamado de IPO (Oferta Pública Inicial na sigla em inglês). Patricia informa que o custo médio desse processo é de 5% do valor do volume financeiro oferecido pela companhia ao mercado. Portanto se a oferta é de R$ 100 milhões, o custo do IPO pode chegar a R$ 5 milhões.

A partir daí, o volume total de ações pode valorizar ou desvalorizar, mas tudo depende da economia, do desempenho da empresa em seu mercado de atuação e do interesse dos investidores pelas suas ações.

Todos os passos das empresas serão fiscalizados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que por sua vez aplica multas de altos valores nas companhias que não respeitarem a legislação. Uma das regras desse setor, muito conhecida pelos jornalistas, é a necessidade de informar ao mercado qualquer movimento, por meio de fato relevante publicado na CVM, de modo que toda e qualquer pessoa tenha acesso à informação.


Decisão exige adaptação cultural do empresário

Mesmo sabendo que as chances da empresa crescer com a abertura de capital, o empresário precisa se adaptar à cultura das sociedades anônimas. Ter em mente que aquela estrutura, que com muito suor, foi levantada pelas suas mãos e agora será dividida por muitos é muito agressiva ao empreendedor. Por isso o pensamento deve ser focado no desenvolvimento da companhia.

Este é o caso o sócio-fundador da Poit, Wilson Poit. Ele fundou sua empresa em 1999 e há alguns anos pensa em abrir o capital da companhia de infraestrutura e energia temporária sediada em São Bernardo. "Nosso negócio vem crescendo 43%, em média, nos últimos cinco anos. Neste ano devemos crescer 70% em relação ao ano passado. Então aprendemos a sonhar grande. Então sempre dizemos na empresa que sonhar grande é como sonhar pequeno", diz.

Ele diz que, como empreendedor, "não é fácil" pensar que perderá o controle total da empresa. "O empreendedor é um cara apegado ao negócio que ele construiu, mas estou me preparando. Mas prefiro a empresa para sempre, do que ser uma companhia familiar que depois pode ter problemas", explica. Poit pretende abrir capital em dois ou três anos e afirma que após o processo, dará início a novos projetos.

A gerente da BM&FBovespa, Patrícia Pellini, diz acreditar que com a transparência das empresas abertas, aumenta sua credibilidade no mercado em que atua, o que pode proporcionar melhores resultados.  (Pedro Souza)

Executivo prevê crescimento de 70% e já atua em 5 países

Com previsão de crescimento de 70% neste ano, sobre 2009, a Poit, sediada em São Bernardo e com galpões em Diadema, possui cerca de 1.000 geradores de energia e 110 caminhões.

De acordo com o sócio-proprietário Wilson Poit, o campo de atuação da empresa é fornecer estrutura de energia elétrica temporária, por meio de geradores, postes de iluminação temporários e locações, como escritórios, dentro de contêineres prontos para o uso.

"Oferecemos a estrutura completa mais a logística e manutenção de tudo", afirma o executivo.

Normalmente quem contrata os serviços da Poit são as grandes companhias de infraestrutura, mineração e petrolíferas. Wilson Poit conta que acaba de abrir um escritório na África do Sul, possui filiais em 12 estados do Brasil e em outros três países. Também vai atuar na construção da Usina de Belo Monte e tem equipamentos em plataformas da Petrobras.




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