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Kid Abelha volta com CD de inéditas
Ana Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
29/04/2005 | 11:52
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Depois de quatro anos sem lançar um disco de inéditas, o Kid Abelha está de volta. Com frescor e batida de quem sabe o que faz, Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato acabam de aportar nas lojas com Pega Vida (Universal, R$ 30 em média), trabalho gravado entre outubro de 2004 e março deste ano, marcado por uma espécie de convocação para a iminência da vida e seus prazeres. Amor, muito sexo e saudade compõem a tríade mestra do novo disco.

Conhecidos pela fama comprovada de hit-makers, Paula e companhia acertaram mais uma vez na escolha das 12 faixas do álbum e o disco é uma seleção pronta para estourar nas rádios. Eu tou Tentando abre o CD com um desfile de questões individuais e coletivas. Poligamia, segunda faixa do trabalho e a primeira música composta para Pega Vida, recupera um pouco o estilo do Kid Abelha dos anos 1980 e é radicalmente anti-acústica numa tentativa do trio de romper de vez com o formato que os acompanhou nos últimos anos por conta do sucesso do Acústico MTV Kid Abelha, lançado em 2002.

A presença e preocupação com o sexo está implícita em várias letras do trabalho, mas em Poligamia a necessidade do amor fica evidente em versos como “Escritório, supermercado/ Banco de condução/ Todo canto é apropriado/ Eu nunca digo não” e no refrão grudento feito chiclete “Vamos ficar/ Vamos fazer/ Você e eu, eus e você/ Vamos gozar/ Vamos viver/ Vocês e eu, eus e você”.

Acostumados a lançar sucessos que atravessam gerações, como Nada Sei (Apnéia) e Grand‘Hotel, Pega Vida já chega às prateleiras das lojas com uma grande candidata a hit: a balada Por que Eu Não Desisto de Vc. Com slide guitars, banjo e referências alfabéticas, a faixa faz uma mistura proposital entre pergunta e resposta com direito a frases em latim. Boa para ouvir sozinho e viajar ou acompanhado e namorar.

Mas Pega Vida não é só recheado de prazer e temas leves. Em Peito Aberto, Israel e Paula escrevem sobre a difícil entrega a um amor ao qual já se tentou renunciar. Num total desapego pelos próprios sentimentos e as conseqüências pessoais que este amor aparentemente complicado pode trazer, Paula canta, “Me pega e leva/ Porque eu te amo/ Andei fugindo mas estou aqui/ Derretido sentimental/ Porque deixar de amar não é normal/ Não se desama dando um mero tchau”.

Enquanto Mãe Natureza envereda pela inquietação de alguém que se sente triste e desprestigiado num ambiente de extrema inadequação, Duas Casas reflete um drama pessoal da infância de Paula, o ir e vir das crianças cujos pais vivem separados. A beleza da letra está na simplicidade: “Vocês não têm mais jeito, sinto muito, quem mandou dormir junto”.

Produção – Pega Vida não merece destaque apenas pela qualidade e seriedade com que Paul Ralphes, produtor que acumula a função de baixista na maior parte das faixas, conduziu o trabalho. A parte gráfica do CD também é digna de nota. Com projeto gráfico de Fernanda Villa-Lobos e desenhos de Mari Stockler, o encarte do álbum apresenta figuras interessantes e efeitos visuais ora psicodélicos, ora abstratos. São imagens que contribuem para que a viagem promovida pelo som seja completa.



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