A data da estréia tem sua razão. Há exatos dois anos, foi dado o veredicto do caso Butler, desfecho para um drama que custou seis meses de xadrez ao adolescente. As algemas foram brindes concedidos pelo depoimento de James Stephens, marido da vítima e única testemunha ocular, e pela confissão assinada pelo réu. Duas provas, dois efeitos da coação policial, da tortura mesmo.
Na desconstrução das provas forjadas por um trio de detetives (um deles negro), Assassinato... leva McGuinness, o advogado de defesa, ao Olimpo da Justiça. Seu ego é igual ou maior do que a negligência dos policiais que prenderam Butler – não recolheram digitais nem consultaram os pais ou vizinhos do acusado, por exemplo. McGuinness, espirituoso, arrogante e consciente da câmera onipresente do diretor Jean-Xavier de Lestrade, não saiu das páginas de John Grisham. É real, é o lastro que viabiliza uma ficção vicejada nos Estados Unidos, que trata de Kunta Kinte, que faz fama com Hurricane – O Furacão, de Norman Jewison, e Um Crime Verdadeiro, de Clint Eastwood. A ficção da metodologia racista.
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