O diretor opta por adaptar o texto em imagens, mas conservando-o através de uma voz em off (a do próprio Guerra), enquanto a câmara se aproxima da pessoa, a escuta, praticamente entra nela, e o mundo se mostra através de seus olhos; torna-se no que esta pessoa vê, até a deformaçao extrema.
Ruy Guerra, 69 anos, continua testando, experimentando, buscando novas linguagens.
A projeçao de 'Estorvo' foi saudada com uma salva de palmas neste domingo, embora houvesse também algumas vaias.
O diretor brasileiro de origem portuguesa (nasceu em Moçambique), explicou em entrevista à imprensa que quis "expressar toda a angústia existencial de um personagem aparentemente abstrato, mas que vive situaçoes do dia-a-dia, um personagem destes tempos de globalizaçao, no qual a juventude perdeu os ideais".
É por isso, segundo ele, que o filme "é uma mescla de culturas, de cidades, transcorre numa cidade nao definida (foi rodada em Havana e Rio), foi filmada em 'portunhol', com muitos sotaques diferentes", disse Guerra.
Outros dois filmes em competiçao foram apresentadas neste domingo. 'Trolosa' (Infiel), dirigido pela atriz e cineasta norueguesa Liv Ullmann com base num roteiro de Ingmar Bergman. Seguindo uma história inspirada na vida do próprio Bergman, Ullmann, que foi companheira do diretor sueco e teve uma filha com ele, descreve um triângulo amoroso numa obra sobre a infidelidade, o remorso e o desespero.
Também foi apresentado 'The golden Bowl' (A copa de ouro), obra com a qual o veterano diretor James Ivory firma sua terceira adaptaçao de Henry James.
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