O presidente George W. Bush chegou, na noite desta quarta-feira, a Bratislava, para uma delicada reunião de cúpula com o colega russo Vladmir Putin, depois de passar um dia na Alemanha, renovando laços de amizade com o chanceler Gerhard Schroeder, depois das divergências sobre a intervenção americana no Iraque.

Durante a quarta-feira, em Mainz, na Alemanha, George W. Bush e o chanceler alemão Gerhard Schroeder chegaram a um acordo sobre a questão atômica iraniana, mas não se mostraram convincentes sobre a reconciliação dos dois países. O chanceler alemão destacou a existência de "objetivos comuns entre europeus e americanos" para evitar que o Irã desenvolva armas nucleares e Bush acrescentou que é necessário "convencer os ‘mulás’ de que devem renunciar às suas aspirações atômicas".

Á centenas de quilômetros, no entanto, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Kamal Jarazi, assegurava nesta quarta-feira que seu país está "decidido" a "dar prosseguimento ao enriquecimento" de urânio. Bush e Schroeder trocaram palavras de cortesia e agradecimento, mas sem euforia. O chanceler quebrou o clima de certa frieza com uma brincadeira. "Concordamos em não destacar as questões sobre as quais não concordamos", disse, arrancando risos de Bush.

Em relação ao Iraque, causa da discórdia "no passado", Schroeder ofereceu ajuda para a elaboração da Constituição e o estabelecimento dos ministérios iraquianos. Os dois estadistas também falaram sobre a Síria que, segundo Bush, deve retirar suas tropas e serviços secretos do Líbano. O presidente americano acrescentou que vai esperar a reação dos sírios antes de recorrer às Nações Unidas.

Sobre o conflito entre israelenses e palestinos, Schroeder fez referência ao "forte compromisso de Bush" no processo de paz. Já em relação à política ambiental, outro tema polêmico e causa da impopularidade de Bush entre a opinião pública alemã, os dois dirigentes fizeram uma declaração inesperada, ao afirmarem que tentarão reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa.

No que se refere às relações transatlânticas, Schroeder pediu para a União Européia e para a Alemanha um reconhecimento internacional à altura de seu poderio e considerou a visita de Bush um passo nesse sentido.

À tarde, Bush visitou soldados americanos na base de Wiesbaden (oeste de Alemanha), que participaram da guerra no Iraque. "Vocês levaram esperança e liberdade a um povo. Vocês formam uma nova geração de heróis", afirmou, antes de partir rumo a Bratislava, capital de Eslováquia, onde se encontrará na tarde desta quinta-feira com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

‘Bush-Putin’ - A reunião, no castelo de Bratislava, um prédio antigo que domina a cidade, construído sobre uma colina, prenuncia-se tenso, em razão da vontade demonstrada por George W. Bush de dar lições de democracia em Vladimir Putin. Na noite de terça-feira, em Bruxelas, pela segunda vez em dois dias, o presidente americano destacou que lembraria ao colega russo os princípios fundamentais da democracia, como o Estado de direito, o respeito aos direitos do homem e à liberdade de imprensa.

O encontro ‘Bush-Putin’, na capital eslovaca é a última etapa de uma viagem de quatro dias do presidente americano, que começou no início da semana em Bruxelas, com o objetivo de reafirmar a solidez da união transatlântica entre União Européia e os Estados Unidos.

Longe do Castelo de Mainz, local do encontro, entre dez e 15 mil pessoas, entre eles pacifistas e defensores do meio ambiente, se manifestavam num clima festivo e colorido, sob atenta vigilância das forças de segurança. Podia ser lido nos cartazes expressões como ‘terrorista número um’ e ‘retirada dos ocupantes do Iraque’.