Utilizando freqüentemente um discurso de tons apocalípticos para ameaçar o Ocidente, o enigmático mulá Omar é conhecido também por sua interpretação estrita e implacável da lei islâmica e por seu empenho de não entregar aos EUA Osama Bin Laden, "seu hóspede de honra".

Sua recusa na hora de entregar Bin Laden, com quem tem vínculos familiares, lhe valeu o apoio e a admiração dos islamitas mais radicais, mas implicou o isolamento internacional de seu país, devastado pela guerra e pela seca.

Omar, comandante dos mujahedines afegãos, foi educado nas 'madrazas' ou escolas do Paquistão e se alistou na Jihad ou guerra santa contra as tropas soviéticas em 1979, na qual perdeu um olho.

Dez anos depois de contribuir para a derrota dos soviéticos, criou um movimento muçulmano radical em sua região natal ao Sul do Afeganistão, ao qual os refugiados afegãos educados no Paquistão se uniram rapidamente.

Seu verdadeiro poder chegou em 1994, quando seus "estudantes de religião" ou talibãs conquistaram Kandahar, ao Sul do país, para alívio e alegria da população, já cansada da guerra civil que destroçava o Afeganistão desde 1992.

Em agosto de 1999, Omar sobreviveu a uma suposta tentativa de assassinato quando um caminhão explodiu em Kandahar e matou vários de seus guarda-costas.

Apesar de seu grande poder, não se sabe muita coisa deste homem que teria cerca de 40 anos. Ele mesmo delegou a responsabilidade dos contatos com o exterior ao seu ministro das relações exteriores, Wakil Ahmad Mutawakil, salvo em uma ou outra ocasião, nas quais recebeu pessoalmente uma delegação chinesa ou um enviado especial da ONU.

Segundo Yosef Bodansky, autor de um livro sobre Bin Laden, o vínculo familiar entre os dois começou em 1998, quando Omar se casou com a filha primogênita do fundamentalista islâmico.