A 'Operação Anaconda' resultou na prisão de oito pessoas, incluindo dois delegados da Polícia Federal e um agente. O comando da corporação preferiu manter a Superintendência de São Paulo fora da ação para coibir vazamentos de informações e evitar o desconforto de policiais que poderiam ser obrigados a prender colegas de trabalho.
A medida de precaução do comando da PF causou mal-estar entre os membros da corporação em São Paulo. Entidades de classe promoveram nesta sexta-feira um ato de desagravo contra a exclusão da Superintendência paulista na operação. Para Armando Coelho Neto, presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia federal, o sigilo ordenado por Brasília "arranha e coloca em xeque" a credibilidade da corporação em São Paulo.
Coelho Neto ainda criticou a desembargadora Terezinha Caserta, do Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo, que emitiu os oito mandados de prisão temporária para suspeitos de envolvimento no esquema. O delegado disse que a sentença emitida pela magistrada é "vazia".
A delegada Edna Horta, que engrossou a manifestação de desagravo, lembrou que a PF passa por uma crise financeira e observou que o uso de agentes de São Paulo na operação significaria uma economia de recursos – cerca de 100 policiais de outros Estados foram deslocados à capital paulista para cumprir a missão. A delegada ainda criticou o fato de o superintendente da PF em São Paulo, Francisco Baltazar da Silva, só ter sido avisado da operação na manhã de quinta-feira.
Os três membros da PF presos na 'Operação Anaconda' são José Augusto Bellini (delegado da PF que chefia o setor de emissão de passaportes em São Paulo), Jorge Luiz Bezerra da Silva (delegado aposentado da PF alagoana) e César Herman Rodriguez (agente federal). As entidades de classe ligadas à corporação prometem elaborar um manifesto sobre o caso para encaminhá-lo ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e ao diretor do departamento de Polícia Federal, Paulo Lacerda.
Peixes grandes - A Procuradoria da República passou um ano e meio investigando o esquema. Foram descobertos indícios de tráfico de influência, decisões judiciais suspeitas, desvio de armas apreendidas em processos e abuso de poder por parte de magistrados paulistas. Segundo o Ministério Público, juízes do Estado estariam vendendo sentenças judiciais a favor de contrabandistas e fraudadores.
A 'Operação Anaconda' resultou também na apreensão de documentos em 15 endereços da capital paulista. Todo o material interceptado foi enviado para o comando da PF em Brasília, onde os documentos serão periciados. As investigações correm em sigilo de Justiça, para que o processo não seja prejudicado.
Além dos três membros da PF, foram presos Affonso Passarelli Filho (advogado), Carlos Alberto da Costa Silva (advogado), Wagner Rocha (empresário), Sérgio Chiamarelli Júnior (empresário) e Norma Regina Emílio Cunha. Auditora aposentada da Receita Federal, ela é ex-mulher do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, apontado como o cabeça do esquema. Só no apartamento dela, na região central de São Paulo, os agentes da PF apreenderam US$ 300 mil e um aparelho de TV de última geração.
Nesta sexta-feira, o vice-presidente do Superior Tribunal Federal (STJ), ministro Edson Vidigal, negou pedido de habeas-corpus impetrado pelos advogados de Norma Regina Emílio Cunha. Na decisão, o ministro afirma que "o decreto de prisão provisória, aqui atacado quanto a Norma Regina, foi de eficácia plural porque, segundo a Magistrada, a persecução instaurada é contra um bando, no qual se incluía a ora paciente e contra a qual já teriam despontado suficientes indícios ensejadores de maior aprofundamento das investigações."
Com informações da Rádio CBN e do site do STJ
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