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Gelo da Antártida revela segredos climáticos de 740 mil anos
Da AFP
09/06/2004 | 18:01
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Após análise do gelo antártico dos últimos 740 mil anos, cientistas descobriram que a Terra viveu, há 420 mil anos, um período climático semelhante ao atual. Essas informações serão publicadas na edição desta quinta-feira da revista científica Nature.

A obra de cientistas e engenheiros de dez países europeus, reunidos no projeto Epica (European Project for Ice Coring in Antarctica) de análise do gelo da Antártida, foi iniciada em 1995. Essa descoberta científica e tecnológica foi realizada a partir de amostras extraídas, durante oito anos, com a perfuração e a extração de cones de gelo na base franco-britânica Concordia, situada no continente gelado.

Três resultados fundamentais foram obtidos a partir da análise no gelo do conteúdo de deutério, um isótopo natural do hidrogênio que, em temperatura normal, é gasoso.

O primeiro é que agora se sabe que há 740 mil anos a Terra passou por oito ciclos caracterizados por alternâncias de períodos glaciais e de períodos quentes, chamados interglaciais.

A segunda descoberta é que 420 mil anos atrás aconteceu uma mudança brusca desse ritmo. "Nessa época, o planeta viveu um período quente particularmente longo, de 28 mil anos e que - sobretudo - pode ser considerado análogo ao que vivemos atualmente", explicou à imprensa Valérie Masson-Delmotte, co-autora da pesquisa.

Mas, ao contrário do que acontece hoje, naquela época a Terra era habitada pelo ‘Homo erectus’, cuja população era pouco densa no Velho Mundo e sua influência sobre o clima era nula.

"A analogia entre os dois climas se explica em particular pelas condições astronômicas porque a órbita e o eixo da Terra, que influi no recebimento de raios solares, são idênticos", disse Masson-Delmotte. "Isto indica que o próximo ingresso na glaciação não ocorrerá antes de vários milênios", acrescentou.

O terceiro resultado, que se refere à atualidade, diz que a análise das bolhas de ar presas no gelo antártico confirma que "o conteúdo atual de gases de efeito estufa (dióxido de carbono e metano) atinge o nível mais alto já registrado", destacou Jérôme Chapellaz, outro cientista que participou do estudo.

Portanto, de acordo com os especialistas, não restam dúvidas da influência da atividade humana no clima, mas suas conseqüências continuam sendo uma incógnita. Os resultados obtidos a partir dessa pesquisa oferecem ferramentas de trabalho para determinar as amplificações prováveis do aquecimento climático pelo ciclo natural desses gases.




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