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Rotatividade diminui salário
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
16/07/2010 | 07:40
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Mesmo com bom desempenho das redes supermercadistas no Estado de São Paulo, que faturaram R$ 54,7 bilhões no ano passado, gerando, inclusive, 18 mil vagas com carteira assinada, o salário dos funcionários contratados da Capital em 2009 foi 15% menor do que os pagos aos desligados no mesmo período.

A remuneração média dos admitidos era de R$ 712,15, enquanto os demitidos recebiam R$ 837,25, conforme mostra pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) encomendada pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo.

De acordo com o coordenador de relações sindicais do Dieese José Silvestre Prado de Oliveira, "a rotatividade na mão de obra é a principal responsável pelo rebaixamento na média salarial do trabalhador". O presidente do sindicato, Ricardo Patah, afirma que, para se ter ideia, todos os meses são realizadas 8.000 homologações.

As micro e pequenas empresas, cujos estabelecimentos empregam de quatro até 19 funcionários, foram as que mais abriram postos de trabalho em 2009, registrando saldo de 8.080 vagas no período. Enquanto isso, as grandes redes que têm entre 100 e 249, empregados geraram 2.017 postos de trabalho.

Oliveira lembra que esta é uma característica do varejo, independentemente da crise, que por sinal não afetou o desempenho das redes, que em São Paulo contabilizaram crescimento de 5,7% no ano passado. "A diferença entre o salários dos contratados e desligados em 2008 chegou a 20%. Este é um recurso utilizado pelas empresas para reduzir os custos."

Campanha - O presidente do sindicato explica que a somatória da pesquisa do Dieese com as informações sobre o desempenho do setor vão servir para balizar as ações da entidade junto às empresas neste ano. "Vamos tentar aumento real de 5% nos salários dos funcionários nesta campanha e alta do piso para R$ 900", afirma Patah.

O Sindicato dos Comerciários também brigará pela extinção do banco de horas e conseguir que todas as empresas do setor no Estado paguem aos trabalhadores a PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), benefício quase restrito às grandes e médias do setor.

O sindicalista estima que os supermercadistas respondam por 30% das vagas no comércio varejista do Estado, ficando atrás somente dos lojistas de rua e shopping centers, que somam 37% desses postos.

Para este ano, a perspectiva do Dieese é que ocorra incremento nas contratações frente a 2009, visto que a economia brasileira deverá avançar até 7%, segundo os mais otimistas. "A massa salarial da população está maior, com isso as empresas estão acelerando seus planos de expansão", comenta o coordenador do instituto.

Oliveira considera que estes indicadores vão influenciar positivamente na remuneração do trabalhador.

Mulheres têm mais escolaridade, porém rendimento é menor
Apesar de representarem 45% dos postos de trabalho do segmento na cidade de São Paulo, as mulheres empregadas nos supermercados no ano passado receberam 88,9% dos salários pagos aos homens, aponta levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

A explicação para o fato, segundo o coordenador de relações sindicais do instituto José Silvestre Prado de Oliveira, é que elas ocupam cargos de rendimento menor. "Dependendo do caso, a variação pode chegar a até 25%", alerta Oliveira. Isso significa que elas ganhavam no ano passado média de R$ 666,89, contra os R$ 750,15 pagos aos homens.

Em geral, os funcionários do sexo feminino têm mais escolaridade que os do masculino. As mulheres com o Ensino Médio terminado representavam quase sete em cada dez funcionárias (68,3%) no ano passado, parcela bem superior à dos homens, com o percentual de 54,6%.




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