Mas a produção de Chico Neves e os arranjos gravados pela banda não teriam sido aceitos pela gravadora – não seriam comerciais. Por isso, o Los Hermanos teria acatado sugestão da empresa para que Marcelo Sussekind fizesse remixagem. “Criou-se um impasse, mas tudo o que Chico fez saiu no CD”, afirma Rodrigo Amarante, guitarrista, garantindo que a concepção musical não foi alterada.
O clima de Carnaval continua. No primeiro disco, Los Hermanos, era como se a folia de sábado e domingo estivesse a mil por hora. Em Bloco do Eu Sozinho, é manhã de uma melancólica Quarta-feira de Cinzas, na qual o palhaço-artista pinta o nariz para fazer rir, enquanto chora por dentro. Isso pode ser chamado de romântico, mas também pode ser, em bom português, música de corno. É o cuidado para não ir de um extremo ao outro que faz a diferença, e Los Hermanos se diferenciam por fazer rock romântico.
A música que abre o CD é Todo Carnaval Tem seu Fim (Marcelo Camelo). Nada comparado a Anna Júlia. Um trombone melancólico inicia a música, que se desenrola como um bloco arrastando a fantasia em fim de festa.
O grupo mostra que bebe no samba, bossa nova, hardcore e ska. As letras variam entre românticas e experimentações. Isolados em um sítio em Piraí (RJ), Camelo (voz e guitarra), Amarante (voz e guitarra), Rodrigo Barba (bateria) e Bruno Medina (teclados, piano e moog) cuidaram da estrutura estética. No encarte, a primeira impressão dessa concepção: letras em forma de prosa, e não no formato tradicional de versos. Um disco para ser descoberto aos poucos.
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