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Victor Fasano: galã multifacetado
André Bernardo
Da TV Press
25/09/2005 | 08:30
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Ainda hoje, há exatos 15 anos de sua estréia na TV, Victor Fasano não sabe o que a autora Glória Perez e o diretor Wolf Maya viram nele a ponto de escalá-lo como protagonista de Barriga de Aluguel. Mesmo na dúvida, ele resolveu aceitar o convite e trocar as passarelas de moda pelos estúdios de TV. Apesar das muitas críticas que recebeu, conseguiu se firmar na nova profissão. E, pela quarta vez, volta a atuar numa trama de Glória Perez. Em América, Victor interpreta James Perkins, o advogado das causas impossíveis do núcleo ianque da novela das nove. "A Glória Perez é a autora mais vanguardista que conheço. Muito antes de a gente tomar conhecimento do Katrina, ela já havia colocado um furacão para assolar Miami na novela", brinca.

Durante anos, Fasano trabalhou como modelo nos Estados Unidos. Ele conta que essa experiência o ajudou na composição de James Perkins. "As pessoas costumam dizer que o povo americano é frio. Isso não é verdade. Os americanos têm apenas um outro jeito de ser quente. Com eles, não tem muito essa coisa de toques, por exemplo, mas isso também não quer dizer que eles sejam antipáticos. Eles são apenas diferentes. Como os australianos e os ingleses, por exemplo. Cada um à sua maneira. No caso do Perkins, mais do que a frieza, eu quis ressaltar um certo cinismo. Por vezes, o cinismo do Perkins pode ser interpretado como dubiedade. Afinal, em novela, você nunca sabe mesmo o que está por vir", afirma.

Mas nem só de novelas de Glória Perez é feito o currículo de Victor Fasano. Dois de seus trabalhos favoritos, aliás, são de outros autores. Um é o inescrupuloso Heitor, de Salsa & Merengue, escrita por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. O outro é o divertido Edmundo Falcão, de Torre de Babel, assinada por Silvio de Abreu. A parceria com Cláudia Jimenez deu tão certo que, um ano depois, eles voltaram a contracenar em Zorra Total. "O melhor de tudo é que pude fazer personagens diferentes entre si. Canso de ver atores que só interpretam um único tipo", diz.

Em seu último trabalho na TV, Victor interpretou um tipo que não aprecia muito: o galã. De fato, em O Clone, o ator fez o mulherio suspirar com o Tavinho, um quarentão narcisista que enfrentava a crise da meia-idade colecionando flertes amorosos. De lá para cá, o ator limitou-se a fazer uma discreta participação em Canavial das Paixões, do SBT, assumir um cargo público na Prefeitura do Rio e se envolver em confusão com o Repórter Vesgo, do programa Pânico na TV, da Rede TV!

Abordado com o trocadilho "Victor, faz anos que não te vejo!", o ator respondeu à brincadeira com um safanão. "Não me arrependo do que fiz. Mesmo porque não fiz para machucar. Foi só um alerta. O rapaz ficou apenas um pouco ruborizado", desconversa.

Nas horas de folga, quando não está despachando na prefeitura carioca, onde ocupa o cargo de secretário de Promoção e Defesa dos Animais, ou gravando no Projac, Victor Fasano gosta de se refugiar em seu sítio na Ilha de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. Lá, construiu uma espécie de paraíso ecológico particular. Com autorização do Ibama, cria, numa área de 1 mil m2, 60 espécies ameaçadas de extinção, como o mico-leão dourado, a arara-azul e a harpia. "Outro dia, dei de cara com uma araponga. Há anos, não via uma dessas por lá", diz. Para a bicharada não estranhar o lugar, Victor plantou frutas típicas de diversas regiões do país. "Os alimentos são os mesmos que comeriam no seu habitat natural", garante Fasano.

Mas mal ele entrou na novela e algumas comunidades do Orkut na internet criticaram a decisão de participar de uma novela que, supostamente, promove maus-tratos a animais ao divulgar os rodeios. "A novela não promove maus-tratos nenhum. A Glória limita-se a mostrar um fato, sem fazer apologia a nada. Ela simplesmente retrata o cotidiano e deixa a sociedade encarregada de tomar uma posição. Cabe ao público julgar se aquilo está certo ou não. Mas a Glória sempre fez isso, em todas as novelas que escreveu. Com América não seria diferente", rebate.

Mas a consciência ecológica do ator não se limita à fauna brasileira. Por vezes, viajou aos mais remotos lugares do planeta só para se engajar na preservação de espécies raras, como as zebras do Quênia e os antílopes negros de Angola. Na ocasião, porém, representantes do governo angolano não viram com bons olhos a iniciativa do ator brasileiro. Conclusão: as últimas fotos da espécie datam do início dos anos 80. "É uma pena, porque o antílope negro é justamente o símbolo do país", diz. Mesmo assim, ele não desiste. Em 2001, por exemplo, aceitou participar da campanha Adote um Animal, promovida pelo canal por assinatura Animal Planet e transmitida para 150 países.

Incansável, Victor Fasano não desiste também da idéia de, um dia, voltar a apresentar um programa ecológico na TV. "Já apresentei uns dois ou três projetos à Globo, mas sempre esbarro na falta de verba", lamenta. Enquanto não realiza seu sonho de falar de ecologia na televisão, o ator procura extravasar seu amor pelo meio ambiente de outras formas. Uma delas foi aceitar o convite do prefeito César Maia para assumir a Secretaria de Promoção e Defesa dos Animais. "Na Prefeitura, fico pilhado porque as coisas nunca andam. Na Globo, fico tenso porque elas andam rápido demais", afirma.




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