O Iraque previu que fracassará a iniciativa anglo-americana de adaptar as sanções da ONU para que atinjam sobretudo o regime de Saddam Hussein, sem prejudicar o povo iraquiano. 'É uma tentativa estúpida, destinada ao fracasso', afirma o jornal oficial jornal As-Saura ao comentar as propostas de Londres e Washington para delimitar o regime de Saddam como alvo das sanções.

Para o jornal oficial trata-se de uma manobra política estéril, destinada a impedir que o Iraque recupere sua posição nos cenários árabe e internacional.

Diplomatas americanos e britânicos reunidos em Washington tentam desde quarta-feira afinar as propostas de sanções da ONU, tendo em vista a reunião de sexta-feira nos Estados Unidos entre o presidente George W. Bush e o premiê britânico Tony Blair. A idéia seria avançar até sanções 'inteligentes', que atingirão sobretudo os dirigentes iraquianos e o aparato de guerra de Bagdá, e menos a população e a infra-estrutura petroleira.

Essa iniciativa mostra o esforço de Washington e Londres para limitar a dissolução da coalizão contrária ao Iraque, bastante desprestigiada devido à polêmica que provocaram no mundo árabe e na Europa os ataques aéreos lançados pelas aviações americana e britânica contra os subúrbios de Bagdá, na última sexta-feira.

O Iraque, que vê as sanções perdendo fôlego à medida que o tempo passa, sobretudo com o fluxo de dezenas de vôos para Bagdá desde meados do ano passado, rechaçou as propostas de Londres. 'Não há propostas britânicas, e sim atos criminosos e agressivos britânicos, declarou na quarta-feira o ministro iraquiano das Relações Exteriores, Mohamed Said al Sahhaf.

O conteúdo das novas propostas dos EUA e da Grã-Bretanha é idêntico ao da resolução 1284, que o 'Iraque rechaçou e continua rechaçando', afirmou As-Saura. 'Como é possível, na prática, punir as instituições públicas responsáveis pelos problemas do povo sem prejudicar o mesmo? '.

Para mostrar a hostilidade do Iraque aos Estados Unidos devido à resistência deste último em suspender totalmente as sanções, um jornal de Bagdá propôs acrescentar um retrato do presidente George W. Bush ao do seu pai, no piso de entrada de um grande hotel da capital iraquiana, para formar uma foto familiar que possa ser pisoteada.

A China voltou a desmentir nesta quinta-feira as acusações do Pentágono de que chineses trabalhariam na rede iraquiana de defesa antiaérea e disse que Washington tem segundas intenções políticas.