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Sem renda, ex-catadores ameaçam reabrir lixão
Raymundo de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
Das Agências
17/02/2002 | 16:52
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Ex-catadores do Lixão do Alvarenga que moram na favela do Eldorado, próximo ao lixão em Diadema, vão lutar pela reabertura do antigo depósito caso sejam interrompidos os pagamentos de um salário mínimo por mês por parte da Prefeitura. O pagamento está sendo feito desde setembro para 254 famílias que trabalhavam como catadores, e a previsão é que seja interrompido a partir do próximo mês.

Para a ex-catadora Maria Cleonice Ramos Tavares, o salário pago pela Prefeitura tornou-se a única fonte de renda da família. Ela mora com o marido e três filhos. No programa da Prefeitura, além do pagamento do salário mínimo, os ex-catadores também participam de cursos promovidos pela Prefeitura. Maria Cleonice afirma que tem freqüentado uma vez por semana aulas do curso de limpeza pública e que não sabe como vai se virar depois que o pagamento for suspenso. “Se a gente não tiver com que comprar comida, nós vamos tentar reabrir o lixão”, disse.

Waldemar Alves, 56 anos, é outro ex-catador que sobrevive com o pagamento da ajuda da Prefeitura desde o fechamento do Lixão do Alvarenga, ocorrido no dia 16 de agosto do ano passado. Alves disse que trabalhou durante 25 anos como catador no lixão e tem enfrentado dificuldades para conseguir um emprego. “Na minha idade, é difícil conseguir alguma coisa”, disse. Alves também afirma que não sabe o que vai fazer depois que o pagamento for suspenso.

Segundo o diretor de Relação de Emprego e Renda da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Diadema, Dirceu Elias da Assumpção, a previsão inicial era que o pagamento fosse feito até março. “Depois, não há previsão”, disse. Assumpção afirma que a intenção do programa desenvolvido para atender os ex-catadores que trabalhavam no Alvarenga é criar cooperativas a partir dos cursos de formação profissional e que eles consigam se sustentar com o próprio trabalho.

Os ex-catadores estão fazendo cursos de reciclagem de lixo (52), conserto de sapatos (15), limpeza pública (40), jardinagem e paisagismo (8), fábrica de blocos para construção civil (15) e de confecção de roupas (8), segundo o diretor. Assumpção afirma também que não há como reabrir o Lixão do Alvarenga. “Esta é uma decisão que não tem volta. O fechamento do lixão foi determinado pela Ministério Público Estadual”, disse.

No TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) proposto pelo Ministério Público para o fechamento e recuperação da área degradada pelo depósito de lixo por quase 30 anos, uma das exigências era a retirada dos catadores e o fornecimento de auxílio de sobrevivência às famílias que trabalhavam no local. As prefeituras de Diadema e de São Bernardo, que criaram e mantiveram o lixão, não assinaram o TAC.




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