Para a ex-catadora Maria Cleonice Ramos Tavares, o salário pago pela Prefeitura tornou-se a única fonte de renda da família. Ela mora com o marido e três filhos. No programa da Prefeitura, além do pagamento do salário mínimo, os ex-catadores também participam de cursos promovidos pela Prefeitura. Maria Cleonice afirma que tem freqüentado uma vez por semana aulas do curso de limpeza pública e que não sabe como vai se virar depois que o pagamento for suspenso. “Se a gente não tiver com que comprar comida, nós vamos tentar reabrir o lixão”, disse.
Waldemar Alves, 56 anos, é outro ex-catador que sobrevive com o pagamento da ajuda da Prefeitura desde o fechamento do Lixão do Alvarenga, ocorrido no dia 16 de agosto do ano passado. Alves disse que trabalhou durante 25 anos como catador no lixão e tem enfrentado dificuldades para conseguir um emprego. “Na minha idade, é difícil conseguir alguma coisa”, disse. Alves também afirma que não sabe o que vai fazer depois que o pagamento for suspenso.
Segundo o diretor de Relação de Emprego e Renda da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Diadema, Dirceu Elias da Assumpção, a previsão inicial era que o pagamento fosse feito até março. “Depois, não há previsão”, disse. Assumpção afirma que a intenção do programa desenvolvido para atender os ex-catadores que trabalhavam no Alvarenga é criar cooperativas a partir dos cursos de formação profissional e que eles consigam se sustentar com o próprio trabalho.
Os ex-catadores estão fazendo cursos de reciclagem de lixo (52), conserto de sapatos (15), limpeza pública (40), jardinagem e paisagismo (8), fábrica de blocos para construção civil (15) e de confecção de roupas (8), segundo o diretor. Assumpção afirma também que não há como reabrir o Lixão do Alvarenga. “Esta é uma decisão que não tem volta. O fechamento do lixão foi determinado pela Ministério Público Estadual”, disse.
No TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) proposto pelo Ministério Público para o fechamento e recuperação da área degradada pelo depósito de lixo por quase 30 anos, uma das exigências era a retirada dos catadores e o fornecimento de auxílio de sobrevivência às famílias que trabalhavam no local. As prefeituras de Diadema e de São Bernardo, que criaram e mantiveram o lixão, não assinaram o TAC.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.