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Preço alto deixa idosos sem remédio
17/09/2003 | 23:27
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O alto preço dos remédios tem deixado os idosos do país em necessidade. Isso é o que está refletido na pesquisa Perfil de Utilização de Medicamentos por Aposentados Brasileiros, que foi apresentada nesta quarta-feira durante a Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, em Brasília. Mil pessoas com idade acima de 60 anos em todo o Brasil responderam questionários da pesquisa via correio, além de 800 entrevistas em domicílio nas cidades do Rio e Belo Horizonte.

Entre os que afirmaram ter deixado de tomar remédios nos últimos 15 dias antes de responder a pesquisa escrita, 44,3% indicaram o preço como principal motivo. Outros 14,9% alegaram que não seguiram o tratamento porque o remédio estava em falta na farmácia do Sistema Único de Saúde (SUS).

O problema financeiro também foi a principal causa apontada para a suspensão de uso do remédio nas pesquisas domiciliares no Rio (37,8%) e em Belo Horizonte (39%). A maioria dos entrevistados (81%) havia tido gastos com medicamentos no último mês, que variaram de R$ 3 a R$ 2 mil. O custo médio é de R$ 114. "Um valor alto", afirma o professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, Francisco de Assis Acurcio, que desenvolveu a pesquisa em parceria com Suely Rozenfeld e Carlos Henrique Klein da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.

De acordo com Acurcio, nesse período da vida o idoso tem "gasto importante" com remédios e, "em geral", a aposentoria é baixa. Para ele, o problema poderia ser atenuado se os planos de saúde cobrissem os gastos com remédios. Entre os aposentados cariocas e mineiros associados a planos, menos de 5% garantiram receber reembolso da compra de remédios. "É mais um gasto, mais um fator complicador", observa Acurcio, que promete aprofundar a análise dos dados compilados preliminarmente na pesquisa.

Um dos dados a serem detalhados é o risco de uso indevido de medicamentos. "O fato de morar só tem conseqüências na utilização correta dos medicamentos, por falta do apoio necessário", comenta. Na pesquisa nacional, 13% dos entrevistados declararam morar sozinhos. No Rio, foram 18% e em Belo Horizonte, 15%. Outro fator de risco são consultas freqüentes: 40% das pessoas passaram por cinco consultas no último ano. "Muitas consultas podem gerar risco potencial de o idoso tomar medicamentos redundantes e efeitos colaterais indesejáveis." Para evitar o problema, ele recomenda ações que privilegiem a prevenção da doença e a promoção da saúde.




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