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Irã inicia procedimentos para enriquecimento de urânio
Da AFP
13/02/2006 | 18:04
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Fontes diplomáticas que tiveram duas identidades preservadas revelaram nesta segunda-feira que o governo do Irã iniciou os procedimentos para enriquecimento de urânio na usina de Natanz, região central do país – processo que dará tecnologia ao país para fabricar combustível nuclear destinado ao uso civil ou militar. "O Irã já introduziu gás nas centrífugas", disse um dos diplomatas.

O governo iraniano repetiu nesta segunda-feira a determinação de não recuar em seu programa nuclear, anunciando a retomada das atividades ligadas ao enriquecimento industrial antes da próxima reunião da AIEA no dia 6 de março. Teerã havia anunciado, no dia 10 de janeiro, a retomada das pesquisas sobre enriquecimento em seu centro piloto de Natanz, apesar das advertências da AIEA e da comunidade internacional.

O urânio enriquecido por milhares de centrífugas pode, em graus diversos, servir para a produção de energia elétrica civil ou para fabricar uma arma nuclear. E é justamente por esta razão que o Conselho dos Governadores da AIEA, onde as grandes potências se uniram, decidiu no dia 4 de fevereiro enviar o caso do país ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). O executivo da AIEA se reunirá no dia 6 de março para recomendar medidas às Nações Unidas.

Teerã anunciou nesta segunda-feira a retomada das negociações com Moscou (Rússia), previstas para 16 de fevereiro. Os dois países discutirão um plano russo de enriquecimento de urânio iraniano na Rússia. Um alto diplomata russo afirmou que seu país estava pronto para receber uma delegação iraniana nesta quinta-feira.

Segundo um diplomata em Viena, os iranianos ainda não puseram em funcionamento a "cascata" de 164 centrífugas de Natanz, mas iniciaram as operações há "dois ou três dias". No entanto, de acordo com uma outra fonte, não se trata de "trabalhos preliminares". O início de fato do enriquecimento (ou seja, a introdução do hexafluoreto de urânio (UF6) gasoso, obtido pela conversão de mineral de urânio (yellowcake), nas centrífugas) será interpretado como uma nova "provocação" do ponto de vista ocidental, segundo os analistas. O UF6 é convertido desde o mês de agosto na usina de Ispahan.

O Irã quer instalar mais de 50 mil centrífugas em Natanz, o que permitirá ao país dispor de uma quantidade de urânio enriquecido suficiente para produzir uma bomba atômica em duas ou três semanas.

Teerã afirma que seus programas são pacíficos, mas a comunidade internacional, sobretudo os Estados Unidos, acredita no contrário. Os relatórios da AIEA questionam a possibilidade de uso militar de algumas atividades pouco explicadas pelo Irã. O anúncio de suspensão dos lacres e de retirada das câmeras é "profundamente simbólico", estimou um diplomata em Viena. Ele sublinhou que as câmeras permaneceriam no lugar em Natanz, assim como alguns lacres, para evitar, não mais a suspensão voluntária do enriquecimento, que o Irã deixou de respeitar em 10 de janeiro, mas as demais operações.

Depois da decisão do Conselho de Governadores, a República Islâmica resolveu retomar as atividades ligadas ao enriquecimento industrial em Natanz e suspender a aplicação voluntária do protocolo adicional ao TNP (Tratado de Não-Proliferação). Mas o Irã continua no TNP e a AIEA mantém a vigilância sobre as instalações, em função dos acordos sobre garantias envolvendo a não-proliferação.




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