Economia Titulo Crédito
Consignado aumenta 177% na Caixa
Pedro Souza
Diário do Grande ABC
01/07/2012 | 07:20
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Andréa Iseki/DGABC


A Caixa Econômica Federal registrou resultado expressivo na sua carteira de crédito consignado do Grande ABC. Esses empréstimos, cujas prestações são liquidadas direto nas folhas de pagamento ou de benefícios, expandiram 177% em maio contra o mesmo período de 2011. Segundo a superintendência regional da instituição, os novos contratos da modalidade somaram R$ 35,7 milhões no mês passado. Em maio de 2011, atingiu R$ 12,8 milhões.

O crescimento foi tão expressivo que o percentual é quatro vezes maior do que a expansão do consignado em todo o País. Informações do Banco Central mostram que a modalidade teve em concessões, dentro do Sistema Financeiro Nacional, R$ 9,56 bilhões em maio. Em igual período do ano anterior, os novos contratos totalizaram R$ 7,3 bilhões.

Abril já tinha apresentado resultado relevante nas agências da Caixa na região. O banco público liberou em consignado R$ 28 milhões naquele mês. A alta em relação ao quarto mês de 2011 foi de 123%. Em maio do ano passado, os clientes da Caixa na região já tinham demonstrado mais interesse pelo dinheiro consignado. O mês teve 17,7% de expansão sobre igual período do ano anterior, somando valor de R$ 12,8 milhões. Na mesma comparação, o BC registrou, no País, R$ 6,62 bilhões de novos contratos no quinto mês de 2011, mas a subida na relação anual foi menos vigorosa, de 2,3%.

JUROS

Gerente de negócios pessoa física da superintendência regional da Caixa, Edvaldo Contin avaliou que o crescimento dos desembolsos em maio foi expressivo. "O programa de reduções nos juros contribuiu." Com o pacote de linhas mais baratas, a taxa máxima na operação está em 1,67% ao mês no banco.

Ele garantiu que a instituição teve aumento relevante no número de convênios com empresas para oferecer as linhas de consignado. "Não temos o percentual de participação no mercado do Grande ABC, mas crescemos bastante", pontuou Contin, ao destacar que o total, R$ 83,6 milhões, das concessões no trimestre encerrado em maio subiu 116%.

O executivo estimou que o banco vai manter a alta no encerramento do semestre. E que a Caixa está agindo ativamente nas negociações com as empresas, para firmar convênios, quando os funcionários procuram a instituição por causa das taxas.

SPREAD

Os consumidores pagaram em maio, na média, os menores juros pelas operações de crédito. Segundo Banco Central, os empréstimo custaram 38,8% ao ano, ou 2,77% ao mês. O percentual foi comprimido, principalmente, pela redução do spread bancário, que foi muito criticado pelo governo federal nos últimos meses.

Spread é a denominação para a diferença entre o quanto o banco paga para captar dinheiro e quanto cobra para emprestar. Em maio, o spread estava em 30,5%, na média, para as operações às pessoas físicas, menor índice desde dezembro de 2010 (28,5%). Os bancos pagavam cerca de 8,3% para captar o dinheiro que emprestaram para os consumidores por 38,8%.

Para o diretor executivo de Estudos Financeiros da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira, a pressão do governo surtiu efeito no spread.

O resultado dos juros mais baixos, impulsionados pela redução do spread, vão estimular o consumo e o desenvolvimento econômico no País, avalia o gestor dos cursos de Tecnologia de Gestão e professor de finanças da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Norival Caruso.

Mas o professor do Ibmec Leopoldo Garjeda Fernandes e o consultor da PPS-NET Mário Amigo, que é professor da Fipecafi, Fipe, FIA e Saint Paul Escola de Negócios Mário, alertam que é interessante monitorar a inadimplência. Segundo o BC, os atrasos acima de 90 dias representaram, em maio, 8% do saldo de crédito do País, percentual de risco, avaliou Fernandes.

Nesse âmbito é que mora o perigo. Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), com base em dados do BC, 28% do spread é a proteção das instituições contra a inadimplência. Se os atrasos sobem, maior o custo da defesa.

BAIXO RISCO

O crédito consignado tem as menores taxas de juros ao consumidor por oferecer baixo risco às instituições financeiras. E em maio, segundo o Banco Central, o montante concedido por meio da modalidade atingiu R$ 9,56 bilhões. Este é o maior volume de contratações em um só mês desde o início do consignado no País, determinado por lei de 2003.

O resultado do mês passado foi 44% superior a igual período de 2011. Sobre abril, a diferença atingiu R$ 2,2 bilhões, maior montante entre meses consecutivos desde o começo do consignado.

Segundo o Ministério da Previdência, R$ 2,9 bilhões do total do mês foram concedidos com vínculo ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A expansão frente ao mesmo mês do ano anterior foi de 11%.

O professor de finanças do Grupo Ibmec Leopoldo Garjeda Fernandes apontou três fatores como possíveis estímulos para o resultado de maio. Um deles é a inadimplência. "Está muito alta e os bancos direcionam esforços para o consignado, que tem baixo risco." A redução geral dos juros, por meio da queda da Selic, que acaba barateando a modalidade. E a própria pressão dos bancos públicos, que desceram suas taxas e foram acompanhados pelos bancos privados.

MARGEM

O consignado tem parcelas, de no máximo 30% do salário do contratante, descontadas na folha de pagamento ou do benefício. É possível apenas uma operação por vez.

O consumidor está mudando os hábitos financeiros. O cenário econômico atual tem gerado reeducação financeira para quem tem acesso a empréstimos. "As pessoas estão buscando o crédito consignado para trocar as dívidas. As pessoas estão se reeducando", disse o gerente de negócios de pessoa física para o Grande ABC da Caixa, Edvaldo Contin.

O professor do Grupo Ibmec Leopoldo Garjeda Fernandes pontua que os consumidores, para aproveitar o momento, estão contratando consignado para pagar dívidas de carros e geladeiras e fugir dos juros do comércio.




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