Em síntese, Reptile é um CD cool. Na primeira faixa, homônima ao álbum e instrumental, Clapton presta sua indireta homenagem ao Brasil, incorporando uma batida de samba. Claro que a guitarra está ótima, mas o acompanhamento é de deixar deprimido qualquer brasileiro que se preze.

Tudo bem. Isso não compromete o trabalho que, na seqüência, engata no charmoso blues Got You on My Mind, de Joe Thomas e Howard Biggs. Esse gênero, aliás, aparece ainda em faixas como Come Back Baby, de Ray Charles, e I Want a Little Girl, de Murray Mencher e Billy Moll. Mas se a intenção for entender o disco, ouça Find Myself, composta pelo próprio Clapton, uma faixa que simboliza essa presença dos ecos do passado em seu novo trabalho.

E vale adiantar um detalhe curioso: o Reptile, que significa réptil mesmo e que batiza o disco, tem um sentido muito agradável para Clapton. “É que no lugar onde nasci (Ripley, no Canadá) reptile é um termo afetuoso. É assim que os amigos se tratam e, quando dizem ele é um réptil, é com o sentido de ele é um dos nossos”, explica o guitarrista.

O nome também foi escolhido por causa de uma homenagem feita ao tio do músico, nascido em Ripley e morto no ano passado. A faixa que ele dedica ao parente é a bela Son & Silvia. Parece mesmo que é na guitarra que Clapton encontra espaço para expressar seus mais profundos sentimentos. Foi assim em Tears in Heaven, que fez em homenagem ao filho morto. Assim continua sendo em Son & Silvia. HHH