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Sharon ordena ataques ao Hamas antes de votação crucial no Likud
Da AFP
25/09/2005 | 16:11
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O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, ordenou neste domingo que suas tropas ataquem o Hamas por todos os meios possíveis para impedir que o grupo radical bombardeie Israel, antes da votação crucial do seu partido, o Likud (direita), nesta segunda-feira.

"Não há limite para os meios usados destinados a atacar os terroristas, suas organizações e seu equipamento, onde quer que se escondam", disse Sharon ao abrir a sessão semanal de seu gabinete.

"Não temos prevista uma operação pontual. Trata-se de uma ação contínua, cujo objetivo é atingir os terroristas de todos os meios", acrescentou, após destacar que o exército israelense tentará evitar que a população civil seja afetada.

Sharon deu estas declarações depois que uma chuva de foguetes lançados pelo movimento Hamas caiu no sul de Israel no sábado, deixando cinco feridos.

Estes disparos foram seguidos de uma série de ataques aéreos israelenses sobre a Faixa de Gaza no sábado, que mataram quatro ativistas, dois do Hamas, na primeira operação do tipo deste a retirada israelense deste território, em 12 de setembro, após 38 anos de ocupação.

"Vamos utilizar um amplo leque de meios para que os moradores de Sderot e de outras localidades de Neguev (sul) possam viver normalmente", disse o ministro da Defesa, Sahul Mofaz, à rádio pública israelense.

As escolas de Sderot fecharam neste domingo. Temendo atentados, a polícia e os guardas de fronteiras se mobilizaram para as "regiões sensíveis", especialmente perto dos centros comerciais e das escolas.

Segundo meios israelenses, Mofaz apregoou o estabelecimento de "zonas de segurança" dentro e fora do norte da Faixa de Gaza para aumentar o alcance dos lança-foguetes Qassam.

Um conselheiro próximo de Sharon, que pediu para ter sua identidade preservada, confirmou esta medida.

"No interior destas áreas, tudo o que se pareça a um Qassam, um lança-foguetes Qassam ou produtor de Qassam será abatido imediatamente", disse.

"Se for preciso, criaremos bairros-fantasma (no norte da Faixa de Gaza) e usaremos a artilharia para impedir estes disparos, mesmo se isto supor que os habitantes (palestinos) devem deixar suas residências", informou uma fonte militar ao jornal Haaretz.

A aviação israelense lançou no domingo, ao norte da Faixa de Gaza, panfletos pedindo aos palestinos que se distanciem dos locais onde são lançados foguetes Qassam.

As forças israelenses detiveram 207 ativistas palestinos, a maioria islâmicos, em uma operação lançada sábado à noite na Cisjordânia, que terminou na manhã de domingo.

O Hamas confirmou a prisão, anunciada horas antes por meios de comunicação israelenses, de seu dirigente na Cisjordânia, xeque Hassan Yussef.

"Trata-se de uma escalada e de uma agressão da parte israelense, que busca terminar os esforços para reiniciar o processo de paz que esperávamos depois da bem-sucedida retirada (israelense) de Gaza", disse a jornalistas o primeiro-ministro palestino, Ahmed Qorei.

Segundo o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que disputa a direção do Likud com Sharon, a retirada de Israel da Faixa de Gaza permitiu ao Hamas que assumisse o controle da região.

"O Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza. A Autoridade Palestina está liquidada. A estrada do terrorismo permite um fluxo de armas e terroristas para esse território", afirmou Netanyahu.

Para ele, o Hamas coordena suas ações com o Hezbollah xiita libanês pró-iraniano, e a rede Al-Qaeda de Osama bin Laden, como demonstrou "uma recente reunião entre os responsáveis destas três organizações no Sinai egípcio".

Esta onda de violência ocorre enquanto Sharon se prepara para travar uma batalha decisiva para seu futuro político.

Os 3 mil membros do Comitê Central de seu partido, o Likud, se reuniram neste domingo em Tel Aviv e votarão na noite de segunda-feira sobre a eventual realização de eleições primárias antecipadas, solicitadas por Benjamin Netanyahu, principal rival de Sharon no partido.

Segundo pesquisa do jornal Maariv, 50,7% desta instância querem primárias desde novembro, conforme os desejos de Netanyahu, e 42,3% desejam que se realize seis meses antes das próximas eleições legislativas, previstas para novembro de 2006.




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