Um grupo de judocas entregou nesta terça-feira ao ministro dos Esportes, Rafael Greca, dossiê levantando suspeitas contra o atual presidente da Confederaçao Brasileira de Judô, Joaquim Mamede de Carvalho e Silva Junior, com mandato até 2001, que sucedeu o pai no comando da CBJ, Joaquim Mamede Carvalho e Silva, também acusado de malversaçao de verbas.

Ao dossiê foram anexados documentos dos últimos dez anos que comprometeriam os Mamedes na cobrança de taxas e passagens superfaturadas dos atletas classificados para participarem de competiçoes no exterior. O ex-campeao dos jogos pan-americanos de 1979, Carlos Cunha, denuncia que as passagens somente poderiam ser compradas da empresa de turismo Darctur, que funciona em um imóvel da CBJ. Cunha diz que o valor costuma ser entre 80% a 100% mais caro que o das concorrentes.

Mamede foi condenado pelo Tribunal de Contas da Uniao a devolver dinheiro aos cofres públicos. "Com correçoes, a devoluçao deve alcançar hoje R$ 11 milhoes", informou Cunha. Segundo ele, o ex-presidente recebia verbas federais e ainda exigia contribuiçao dos patrocinadores dos atletas.

Em um dos trechos do documento, está escrito que os atletas e técnicos ainda denunciam que eram obrigados, "sob pena de serem cortados da delegaçao, a dar para a CBJ a cota de dólares comprados no câmbio oficial". E, com isso, restava a eles recorrer ao mercado paralelo para adquirir a moeda para a viagem.

O atual presidente, acusado de ser comandado pelo pai na CBJ, também teria feito cobranças indevidas de R$ 1,2 mil de cada atleta classificado para o I Torneio Sul-Americano infantil. A Federaçao Equatoriana de Judô, organizadora do torneio, arcaria com todas as despesas locais.

O documento, entregue nesta terça-feira a Greca, já havia sido apresentado pelo deputado estadual Marquinho Tortorello (PPS/SP) à Assembléia Legislativa. O deputado pediu audiência com o Greca, em nome dos judocas, porque segundo explicou "toda luta que vêm sendo travada em Sao Paulo contra o cla Mamede nao surtiu resultado".