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Cem mil empresas digitais surgem por dia
Do Diário do Grande ABC
11/02/2000 | 16:14
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Cem mil empresas ".com" surgem ao dia em todo o mundo. A receita dessas empresas ainda é muito baixa, mas como o custo operacional é quase zero, elas têm a possibilidade de sobreviver muito tempo. A avaliaçao é do vice-presidente da consultoria A.T.Kearney, Doulgas Aldrich, que está lançando no Brasil o livro Dominando o Mercado Digital. A A.T.Kearney criou soluçoes de comércio eletrônico para mais de 50 das 500 maiores empresas norte-americanas, incluindo a GM.

"Esperar para ver no que dá essa revoluçao digital é uma má idéia", declarou Aldrich. Segundo ele, já existem mais de 100 milhoes de sites na web e outros 100 mil sao criados a cada dia. "O que as empresas de Internet e os provedores estao fazendo é conseguir uma fatia do mercado atraindo milhoes de usuários", disse. "Uma lei de mercado diz que o valor de uma rede cresce exponencialmente em relaçao ao número de usuários que ela atrai", afirmou.

Aldrich acredita que os provedores brasileiros de acesso gratuito à Internet estao certos em apostar no comércio eletrônico como uma fórmula para tornar o negócio viável. "Será uma surpresa se eles já nao tiverem um bom faturamento em 24 meses", afirmou.

Segundo Aldrich, uma fórmula de sucesso para os provedores é conseguir faturamento nao só com a publicidade e o comércio eletrônico mas também com conteúdos fechados. Para manter os usuários é preciso inovar sempre. "A Amazon.com fez uma coisa certa, trazendo uma novidade a cada seis semanas", afirmou o consultor. Maior site do mundo de comércio eletrônico, principalmente livros e CDs, a Amazon.com é um exemplo também de como uma empresa on-line pode sobreviver sem lucros. "O faturamento é muito baixo, mas o custo é zero", disse. "Assim pode-se durar muito tempo."

Para os empresários, o conselho de Aldrich é entender qual é a sua posiçao na cadeia produtiva e qual o valor que agrega para o consumidor final. "Para os que nao entenderem isso, o risco é desaparecer", alertou. Outra mudança radical da revoluçao industrial para a digital é que o consumidor deve ser tratado como único, acabando com o conceito de mercado de massas.

Na cadeia da indústria automobilística norte-americana, por exemplo, os revendedores estao enxugando pessoal. Entre 20% e 25% das compras de automóveis já sao feitas nos Estados Unidos com assistência pela Internet. As negociaçoes só nao sao concluídas na rede porque a legislaçao norte-americana de franquia proíbe. Uma alternativa adotada pelos revendedores BMW foi oferecer três anos de assistência gratuita.

Mas o comércio eletrônico ainda nao impulsionou o volume de negócios da indústria automobilística ou qualquer outra, exceto pela venda de livros e discos. "Por enquanto, está havendo apenas uma migraçao do comércio tradicional para a compra on-line", avaliou Aldrich.

Para o vice-presidente da A.T.Kearney, a chamada "barreira digital", que separa as pessoas on-line daquelas que nao estao, tem uma origem cultural e nao financeira. Segundo o consultor, os internautas sao normalmente pessoas com menos de 25 anos e mais de 60. "As de meia-idade têm medo do computador", afirmou.

Aldrich reconhece que o Brasil está atrasado cerca de dois anos na conexao à grande rede, mas tampouco os Estados Unidos têm todas as suas escolas on-line. Ele justificou que isso se dá, em parte, por causa da resistência dos professores de meia idade. Os alunos de escolas públicas procuram acessar a Internet nas bibliotecas ou em qualquer outro lugar onde haja computadores disponíveis.

Para Aldrich, já é possível afirmar que os computadores estao se tornando praticamente gratuitos. Ele comparou o preço de um caracter de memória, o byte, há quase 30 anos, quando começou a trabalhar com computadores, e agora.

Naquela época, um byte custava US$ 2,70. No último Natal, Aldrich fez um upgrade do computador do filho e pagou US$ 100 por 500 milhoes de bytes ou 5 Mb. "O computador já é de graça" disse, justificando que, por isso, os provedores de acesso dao PCs com um ou dois anos de assinatura compulsória.

O barateamento dos computadores e a disputa comercial entre os provedores de acesso devem impulsionar a base de PCs no Brasil, aposta Aldrich. "Se até o final do ano nao houver o dobro de computadores no Brasil, vai ser uma surpresa", declarou.

Segundo a Associaçao Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), no final de 1999 havia 8,3 milhoes de PCs no país.




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