"Precisamos de portos, aeroportos, pontes, vias, ferrovias, etc. É isso que vai permitir que a integração tão sonhada pelo continente se torne realidade", declarou Lula. "Sem integração física, todos os protocolos que firmarmos serão apenas protocolos. Vamos trabalhar para que, no final de nossos mandatos, tenhamos um Mercosul com igualdade de condições", completou o presidente.

Na opinião do presidente Lula, o fortalecimento interno do Mercosul é "imprescindível" para levar adiante as negociações com outros países e blocos econômicos, como os Estados Unidos e a União Européia. "Temos enormes desafios pela frente. O maior deles é trabalhar para transmitir a nossos povos a certeza de que o Mercosul lhes traz vantagens concretas e mais bem-estar. Não podemos permitir que o burocrático, o meramente técnico ou econômico se sobreponha ao êxito do mais importante projeto político-estratégico em que estamos engajados", disse.

Lula disse que, até o fim deste ano, deseja ver constituída uma zona de livre comércio entre os países da Comunidade Andina e do Mercosul. Ele lembrou que o Brasil já firmou tal compromisso com Venezuela e Equador, neste ano, mas pretende estender a medida a outros países andinos. "O Mercosul precisa ter a dimensão de toda a América do Sul. A nova América do Sul será criada pela conexão entre o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações", ressaltou.

Ao final do discurso, feito de improviso, Lula firmou o compromisso de dedicar "cada minuto" da sua vida, nos próximos quatro anos, a administrar os problemas do Brasil e consolidar a plena integração do bloco econômico. "No que depender do Brasil, no que depender do meu governo, e no que depender do meu esforço pessoal, o Mercosul vai definitivamente cumprir com os objetivos para os quais foi criado", garantiu.

O aumento da integração entre os países também foi defendido pelo presidente do Paraguai, Luiz González Macchi. "A reunião é uma nova oportunidade. Temos que dinamizar a implementação plena do Mercosul", enfatizou o líder paraguaio. No encontro, Macchi fez sua despedida do Mercosul, já que ele deixará o bloco quando o novo presidente, Nicanor Duarte, assumir. Participam também do encontro os presidentes do Uruguai, Argentina, que com o Paraguai formam o bloco, além da Bolívia e do Chile, membros não permanentes, e da Venezuela, que negocia seu ingresso.

No encontro, os líderes tentam unir forças para garantir o fortalecimento do bloco econômico. A expectativa é que até 2006 os principais impasses que entravam o crescimento do Mercosul estejam solucionados, como a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) e o fim das listas de exceções à taxação de produtos dentro do Mercosul.

Bush - Lula declarou, no fim da tarde, que nãos será o porta-voz do Mercosul na sua reunião com o presidente dos Estados Unidos George W. Bush. Ele embarca nesta quinta-feira para Washington para se encontrar com o governante norte-americano. No entanto, ele deixou claro que a questão do bloco econômico da América do Sul será debatida.

"Obviamente que não se perderá a oportunidade, estando nos Estados Unidos, de mostrar o quanto será importante que os países ricos possam ajudar a América do Sul nesse processo de integração", explicou Lula.

No início da noite, Luiz Inácio Lula da Silva embarcou de volta para o Brasil. Ainda hoje ele deve chegar em Brasília e se preparar para viajar para os EUA na manhã de quinta.