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Baixada santista critica revisão de zoneamento ecológico-econômico
15/08/2009 | 09:21
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O pré-sal, a ampliação do Porto de Santos, a construção de um aeroporto e de uma zona de processamento de exportação em Praia Grande, a construção de condomínios e resorts, tudo ameaçado de ficar só no papel. Com esse argumento é que nove prefeitos da Baixada Santista enviaram sexta-feira uma carta ao governador José Serra em protesto ao novo zoneamento ecológico-econômico apresentado nesta semana. Elaborados pela Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente), eles aumentam as áreas a serem preservadas diminuindo, na mesma proporção, o espaço para obras de infraestrutura.

A secretaria refuta as acusações dos prefeitos e afirma que o Planejamento Ambiental Estratégico (conhecido como Pino, das iniciais de porto, indústria, naval e offshore), a ser concluído em janeiro, é quem determinará os usos de cada território. Nesse caso, bastaria o governador assinar decretos de utilidade pública para permitir obra a obra, como no caso da ampliação do Porto de Santos sobre áreas de manguezais. Ainda assim, as prefeituras dizem que foram ignoradas, querem o adiamento das audiências públicas, convocadas para daqui a 25 dias, e pedem a revisão imediata dos mapas. "É preciso dar mais área para o principal pilar do crescimento econômico brasileiro", protesta o secretário de Planejamento de Santos, Bechara Abdalla Pestana Neves. "Com a proposta, vamos congelar municípios inteiros, justamente no momento mais importante que a região vive."

O projeto Barnabé-Bagres, obra do governo federal, prevê a duplicação da capacidade do Porto de Santos, com a construção de 45 berços de atracação, 11 mil metros de cais e 6 milhões de metros quadrados de retroárea. Na revisão, uma outra área, onde está sendo construído um porto privado, o Embraport, foi considerada como prioritária para conservação, mas a Sema já admite o erro.

Desde 1998, um grupo setorial formado por membros do Estado, das nove prefeituras e da sociedade civil discutem ponto por ponto as definições do ZEE (zoneamento ecológico-econômico). Em março, o Conselho Estadual de Meio Ambiente criou 16 destaques sobre os mapas elaborados pelo grupo setorial, a maioria deles restringindo grandes construções na Baixada Santista. Uma comissão discutiu os pontos e viu que o governo teria problemas jurídicos caso sinalizasse, via ZEE, que a área poderia receber obras pesadas. "Esse novo mapa para em pé e está em dia com as leis ambientais", diz Casemiro Tércio Carvalho, coordenador de planejamento ambiental da Sema. Foi seu departamento que assumiu a responsabilidade de refazer os mapas.

O temor é que os investimentos do pré-sal, que necessitam de bases de apoio offshore e retroáreas (pontos próximos aos terminais, para armazenamento de cargas), se tornem inviáveis economicamente na Baixada Santista e se desloquem para outra região, como Caraguatatuba. "Se excluir a expansão do porto e a otimização da infraestrutura, realmente fica complicado o pré-sal", critica o presidente do grupo setorial, o empresário Celso Garagnani.




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