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COB diz que portas continuam abertas para Guga
Do Diário do Grande ABC
06/09/2000 | 15:49
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O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, assegurou que ``as portas estao abertas para o tenista Gustavo Kuerten'. ``Pode haver uma reflexao da sua decisao de nao disputar as Olimpíadas de Sydney. Nada é irreversível, temos um prazo ainda', disse Nuzman na tarde desta quarta, horas depois de confirmar, em entrevista coletiva, a posiçao do COB de permitir que os atletas olímpicos do país usem apenas uniformes da Olympikus, fornecedora de material esportivo do comitê.

Guga exigiu que tivesse o direito de usar uniforme da empresa italiana Diadora, com a qual mantém contrato de patrocínio, mas teve o pedido negado. Depois da entrevista de Nuzman em Camberra, a assessoria do tenista anunciou, em Sao Paulo, que Guga nao disputará as Olimpíadas.

``Acredito que as pessoas possam refletir sobre determinados atos. Há tempo, a reuniao técnica do tênis está marcada para o dia 14', afirmou Nuzman. Nessa reuniao, serao confirmados os participantes do torneio de tênis em Sydney, que foram inscritos até o dia 25 de agosto.

Se Guga nao recuar, o Brasil ficará sem representantes no tênis masculino - em duplas, o líder da Corrida dos Campeoes nao poderia ser substituído por outro tenista para formar parceria com Jaime Oncins, que, assim, também daria adeus ao sonho olímpico.

O presidente do COB reafirmou que ``a Diadora impediu Guga de disputar as Olimpíadas de Sydney, conforme está dito na própria redaçao da carta enviada por Rafael Kuerten e Larri Passos'.

Na carta, o irmao e o técnico de Guga dizem que a empresa de material esportivo nao aceita que Guga use a concorrente Olympikus nos Jogos Olímpicos de Sydney.

Nuzman conversou, na véspera, com representantes da Olympikus e chegaram a propor ao staff de Guga um uniforme em que o logotipo da patrocinadora do COB apareceria num tamanho de 16 centímetros quadrados, na mesma cor da roupa, mas num tom diferente. A distância, o símbolo da Olympikus nao seria perceptível.

A proposta, no entanto, foi rejeitada pelos assessores de Guga, que exigiam um uniforme sem qualquer logomarca. Em março de 1999, o COB, após ter o contrato com a Reebok rescindido, assinou com a Olympikus.

Nuzman reuniu entao uma assembléia geral com presidente de todas as federaçoes cadastradas junto ao COB para saber sobre a questao dos uniformes. Apenas as confederaçoes de futebol (CBF) e de atletismo (CBAt) manifestaram exclusividade com a americana Nike e a italiana Fila, respectivamente, em contratos firmados antes da assinatura do COB com a Olympikus. A de tênis (CBT) nada falou sobre o contrato de Guga.

Em Sydney, o futebol usará Nike e o atletismo, Fila. No pódio e na vila olímpica, terao que usar agasalho da Olympikus, como prevê o contrato do COB com a empresa. Nao houve exceçao, apenas o cumprimento de um acordo feito na assembléia geral. Para as próximas Olimpíadas, em Atenas-2004, quando vencerá o contrato com a Olympikus, apenas o futebol continuará usando outra marca esportiva (Nike), com a qual a CBF tem contrato até 2006.

No atletismo, a Olympikus passará a ser a fornecedora oficial da CBAt no próximo ano, quando vencerá o compromisso com a Fila. Nuzman acredita que Guga é o principal prejudicado com o episódio. ``Ele sempre manifestou interesse de disputar as Olimpíadas', disse o presidente do COB. ``Se cedêssemos, abriríamos um efeito cascata. Que direito Guga tem sobre Rodrigo Pessoa, Gustavo Borges, Fernando Scherer, Torben Grael, Sandra Pires? Eles poderiam também pleitear usar seus patrocinadores nas Olimpíadas', afirmou Nuzman.

O presidente do COB usou o exemplo de Claudinei Quirino, Maurren Maggi e Eronildes Araújo, que sao patrocinados individualmente pela Olympikus, mas usarao uniforme da Fila em Sydney porque a CBAt tem contrato com a empresa italiana. ``Em Barcelona, em 1992, Michael Jordan, que tem contrato com a Nike, disputou as Olimpíadas com a marca da Reebok, que patrocinava o comitê americano. Em momento algum, ele se mostrou contrário', exemplificou Nuzman.

O COB tentará, agora, junto à Federaçao Internacional de Tênis (ITF) a substituiçao de Guga, caso ele mantenha a posiçao de nao ir a Sydney. Senao, o tenista Jaime Oncins acabará ficando sem parceiro para disputar o torneio de duplas, no qual está inscrito. ``Temos que respeitar nosso contrato com nosso fornecedor. O nome disso é credibilidade', afirmou o presidente do COB.

``Lamento muito o fato de um tenista brasileiro se curvar a uma empresa estrangeira. Preocupa-me o fato de que, no futuro, o atleta possa se tornar refém das marcas esportivas', afirmou Nuzman, assim que soube do comunicado oficial de Guga desistindo das Olimpíadas de Sydney. ``Nao vou admitir que coloquem a culpa no COB ou na Olympikus. É uma pena que um ídolo brasileiro nao saiba manter a idolatria.'

O presidente do COB disse ainda que nao poderia abrir um precedente para o tenista. ``Ele é um grande atleta, mas isso nao lhe dá o direito de ser diferente dos outros. Um campeao olímpico nao tem preço', concluiu Nuzman, que, após a entrevista coletiva, compareceu à Embaixada Brasileira para a cerimônia de boas-vindas aos atletas nacionais que disputarao os Jogos Olímpicos de Sydney.




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