Ela se preparava para estrear em Paraolimpíada apenas em 2016, no Rio de Janeiro. Contrariando as expectativas, a nadadora de São Bernardo Letícia de Oliveira Freitas recebeu na última quarta-feira a notícia de que representará o Brasil nos Jogos Paraolímpicos de Londres, em agosto.

"Estava treinando uma série na piscina, e o meu treinador (Felipe Moreno) me chamou e disse que tinha saído a lista dos convocados para a Paraolimpíada. Todos ficamos em volta do computador esperando ele carregar. Quando vi meu nome não sabia se ria ou chorava. Dei um pulo na piscina para comemorar. Depois liguei para minha mãe, que já estava chorando", lembrou a estudante de psicologia, que aos sete anos foi diagnosticada com doença degenerativa nos olhos, por isso perdeu parte da visão direita e esquerda.

Mas a história de Letícia nas piscinas começa há cinco anos, quando frequentava uma escola de apoio à deficientes visuais. Um treinador do Clube Mesc, de São Bernardo procurava talentos para a natação e encontrou a jovem. O preparador achou que ela tinha perfil de atleta e a chamou para um teste. A estudante passou e não saiu mais das águas.

Como consequência dos treinamentos vieram as competições. A atleta participou de campeonato regional e conseguiu duas medalhas de ouro. Em 2009, defendeu a Seleção Brasileira pela primeira vez no Pan-Americano Sub-21, na Colômbia. Conquistou cinco medalhas: três de prata e duas de bronze.

"Isso abriu muitas portas para mim e me motivou. Desde lá, aumentei meus treinos e passei a me focar na Paraolimpíada do Rio, em 2016", contou a nadadora que hoje defende a equipe Raia Olímpica e treina seis dias da semana nas piscinas da Universidade Metodista, no Rudge Ramos.

No ano passado, a atleta disputou as três etapas do Circuito Caixa e quebrou quatro recordes brasileiros, nos 50 e 100 metros livres, nos 200 metros medley e nos 100 metros de nado borboleta. Neste ano, na primeira etapa da mesma competição, voltou a bater três de suas próprias marcas, menos da última categoria.

Com o desempenho do ano passado, Letícia foi chamada a integrar a Seleção Brasileira no começo de 2012. Nesta semana, ela recebeu a convocação para Londres.

"Estávamos na expectativa, mas sabíamos das dificuldades e da concorrência pela vaga. O pessoal do Comitê (Paraolímpico Brasileiro) viu que ela treina demais. Sei que eles estão preparando a Letícia para daqui quatro anos, no Rio. Dizem que ela é diamante que está sendo lapidado", comentou o treinador do time Raia Olímpica Felipe Moreno.

A nadadora não quer decepcionar o professor e os torcedores brasileiros e prometeu que sairá de Londres com muitas conquistas.

"Quero voltar com medalhas e já vou me preparar para o Rio. Agradeço a todos que torcem por mim e que confiaram no meu trabalho. Peço que todos continuem torcendo para dar sorte", afirmou a atleta.

Atleta muda treinos para garantir resultados

A nadadora paraolímpica Letícia de Oliveira Freitas, 17 anos, teve de mudar o foco dos treinamentos desde o começo do ano, quando passou a integrar a Seleção Brasileira. Mesmo sem a confirmação de que iria para os Jogos de Londres, em agosto, a atleta teve que deixar de lado sua especialidade para praticar sequência mais curta.

"Minha prova principal são os 100 metros de borboleta, mas esta prova não estará na Paraolimpíada. Por isso, tive que mudar todo meu treinamento e me tornar uma velocista na piscina", afirmou a moradora do Jardim Beatriz, em São Bernardo.

Além de disputar os 50 metros livres, a nadadora ainda busca medalha nas categorias de 100 metros livres e 200 metros medley. Outros 19 nadadores seguem para Londres ao lado do diamante da região. No total, o Brasil enviará 182 atletas paraolímpicos, que disputam as modalidades de atletismo, basquete, futebol, entre outros.

Letícia e Seleção de natação embarcam para a Alemanha hoje (25), onde realizam uma semana de treinos. No dia 12 de agosto, a equipe segue para a cidade inglesa de Manchester, onde se concentra até o início da Paraolimpíada, no dia 29 de agosto.

A atleta afirmou que está muito entrosada com os colegas do time brasileiro. "É muito gratificante fazer parte da Seleção. Conheci a equipe neste ano e todos me deixaram muito à vontade. Eles estão sempre vencendo dificuldades e servem como exemplo", contou Letícia.