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Dinheiro 'miúdo' some e comércio fica sem troco
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
22/11/2003 | 20:29
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Os comerciantes abrem as caixas registradoras e pedem ajuda: faltam moedas e notas de baixo valor para troco. As moedinhas de 5, 10, 25 e 50 centavos sumiram de circulação. A nota de R$ 5 parece vaga em final de Copa do Mundo – todo mundo quer e raros conseguem.

“Nota de R$ 5 é uma raridade”, reclama Rogério Raineri, dono de uma banca de jornais na avenida Senador Fláquer, em Santo André. “As pessoas precisam fazer um depósito, pagar o parquímetro e vêm aqui na banca, achando que a gente tem troco. Só que ninguém mais tem.”

O taxista de São Caetano Rubens Moretti, 45 anos, que trabalha em um ponto próximo da igreja matriz, balança a cabeça, desconsolado: “Nota de R$ 5 está sempre em falta. O pior é que a gente vai em banco e eles dizem que estão sem.”

O líder de serviços Arlindo Antunes de Oliveira, 34 anos, andou na rua Marechal Deodoro, em São Bernardo, por 15 minutos até conseguir encontrar uma orientadora do Sistema de Estacionamento Rotativo, que lhe conseguiu troco para o parquímetro. “Estacionar no centro dá o que fazer. É sempre um problema arrumar moedas.”

Para atenuar a falta de troco, os comerciantes fazem conchavos com os gerentes das agências bancárias em que têm conta. “Eu tenho um acordo com o meu gerente e ele nunca me deixa na mão”, confidencia Lúcia Silva, da loja Pão de Queijo, de São Caetano.

Alguns estabelecimentos acabam funcionando como agências bancárias e fornecem moedas e cédulas de baixo valor. O gerente do Bingo Senador, em Santo André, Jorge Benetti, afirma que o problema é crônico: “Todos os dias o pessoal que trabalha em drogarias, em lojas e restaurantes vem aqui pedindo troco. Eles pedem moedas de 10 e 25 centavos e principalmente notas de R$ 5. Às vezes, o bingo parece uma agência bancária”.

Banco Central – Para o BC (Banco Central), o problema da falta de troco não existe. Ou, pelo menos, não deveria existir. Há 200 milhões e 900 mil notas de R$ 5 em circulação, o que, segundo a assessoria do BC, é mais do que suficiente para municiar todas as caixas registradoras de farmácias, supermercados, lotéricas e os milhares de pontos comerciais existentes no país. Segundo o BC, as 8,7 bilhões de moedas de 1 centavo a R$ 1, em circulação, seriam igualmente suficientes, para ninguém reclamar da falta de troco.

O chefe adjunto do meio circulante do Banco Central, Luiz Henrique de Almeida Cabral, diz que um dos motivos para a escassez de notas de R$ 5 é que os bancos não estão abastecendo os caixas eletrônicos com cédulas desse valor. Almeida Cabral solicitou aos comerciantes do Grande ABC que enviem suas reclamações para o Banco Central pelo e-mail: faltadetroco@bcb.gov.br/. A assessoria de imprensa da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) informou que as agências bancárias possuem estoque de cédulas de R$ 5.




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