Cultura & Lazer Titulo
Opera reabre fosso do Municipal
Rení Tognoni
Da Redaçao
06/11/1999 | 16:51
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A montagem da ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioacchino Rossini, que estréia no próximo sábado, fez ressurgir um espaço há muito tempo esquecido do Teatro Municipal de Santo André: o fosso de orquestra. O local, que fica entre a platéia e o palco, com cerca de 3 m de largura, teria sido utilizado pela última vez em 1992, com o musical Violinista no Telhado.

  Segundo o maestro Flavio Florence, da Orquestra Sinfônica de Santo André, muitos funcionários do Municipal desconheciam a existência do fosso quando foi solicitada a sua abertura. Em menos de duas horas, porém, o local foi redescoberto e limpo. "O teatro foi projetado com o fosso, por isso foi fácil retirar os pilares de sustentaçao e o seu revestimento", afirmou Florence.  

 O fosso é utilizado, geralmente, em óperas ou balés, para acomodar os músicos. Por ficar abaixo do nível da platéia e do palco, o local esconde a orquestra, uma maneira de nao desviar a atençao dos espectadores durante a encenaçao. Em apresentaçoes de peças teatrais, por exemplo, que nao utilizam orquestra, o fosso permanece coberto e funciona como uma extensao do palco.

  O motivo para o fosso do Municipal de Santo André ter ficado durante tanto tempo inativo é simples: o local nao comporta grandes conjuntos musicais, limitando a orquestra em 40 músicos, no máximo. A Sinfônica de Santo André, por exemplo, possui cerca de 80 instrumentistas. Desta forma, o repertório a ser apresentado no teatro fica limitado. "É um erro no projeto do teatro. Podemos apresentar peças clássicas, barrocas ou renascentistas, que usam orquestras menores, mas nao dá para executar obras de Tchaikovski, Wagner e Mozart, por exemplo. As obras de Rossini também sao com orquestraçao maior, com exceçao das criadas no início de sua carreira, como O Barbeiro de Sevilha", explica o maestro, que regerá pela primeira vez a OSSA no fosso do Municipal.  

 Operas com orquestraçao maior, como A Flauta Mágica, de Mozart, têm de acomodar a orquestra na lateral do palco do teatro andreense. Segundo Florence, isto dificulta a comunicaçao do maestro com os atores ou bailarinos no palco. "Musicalmente nao é bom, porque o regente fica muito longe da cena. Os cantores nao vêem o maestro e se cria uma série de imprecisoes musicais", diz. Ele ainda ressalta que as paredes do fosso agem como "uma caixa acústica", fundindo os "sons de maneira harmônica".  

 O maestro acredita que uma reforma, aumentando em cerca de 2 m de profundidade o fosso, possibilitaria o melhor aproveitamento do Municipal. "O fosso ficaria como o de Festspielhaus de Bayreuth (teatro construído para receber as óperas de Wagner)."   

O teatro entra em reforma no próximo mês, mas, segundo o secretário de Cultura de Santo André, Altair Moreira, nao haverá mudanças no fosso, e nem há estudos neste sentido na Prefeitura. n




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