Uma caixa com cinco CDs que se propõe a contar a história da axé music de 1983 a 2001 chega às lojas com cara e nome de souvenir de aeroporto: We Are The World of Carnaval – We Are Bahia (Universal, R$ 90 em média). Vai servir, sim, para gringo levar de lembrança, mas também deve vender como água para o numeroso público das micaretas no eixo Rio-São Paulo.

A gravadora – responsável por outros lançamentos do gênero como Axé Band volumes 1 e 2 e Axé Bahia 2003 – deu uma espanada no seu catálogo, comprou coisas fundamentais da concorrência e colocou no mercado um documento interessante. Há desde Chame Gente, com Armandinho, Dodô & Osmar, Caetano Veloso e Moraes Moreira até Festa, com Ivete Sangalo.

A seleção inclui aquelas músicas que, um verão após o outro, colaram nos ouvidos. Fricote (Luiz Caldas), Madagascar Olodum (Banda Reflexus), Prefixo de Verão (Bandamel), Eva (Banda Eva), O Canto da Cidade (Daniela Mercury), Preciso de Você (Netinho), entre outras, fazem parte do rol de canções que todo brasileiro sabe cantarolar, mesmo sem nunca ter parado para ouvir.

Talvez tão difícil como definir axé, seja definir a música que leva seu nome. Ponha no caldeirão toda a estética poética de Dorival Caymmi, o fenômeno do trio-elétrico inventado por Dodô & Osmar, a malícia (hoje) ingênua de Luiz Caldas, a alegria de Gerônimo, a força do batuque afro de Timbalada e Olodum e o carisma e poder vocal de gente como Margareth Menezes. Está tudo nesta caixa, um Carnaval de bolso.