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Dutra insiste em renegociar dívida
Do Diário do Grande ABC
23/01/1999 | 19:20
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Apesar da decisao do Ministério da Fazenda, divulgada por meio de nota, de sustar aval para financiamentos externos para o Rio Grande do Sul, o governador Olívio Dutra (PT) afirmou neste sábado que insistirá na tentativa de renegociaçao da dívida do Estado com a Uniao.

"O nosso Rio Grande, como os demais Estados, merece respeito e nao consideramos essa nota, que é inverídica, irresponsável. O Rio Grande está em dia, religiosamente, com suas obrigaçoes com o governo federal e com todos os organismos internacionais. Portanto, estamos preenchendo todos os critérios e temos pleno direito de recorrer à Justiça para realizar a repactuaçao da dívida", disse Olívio, referindo-se ao depósito de R$ 31 milhoes na Justiça, autorizado por liminar dada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), como cauçao de parcela da dívida.

Olívio visitou pela manha o navio da organizaçao Greenpeace, atracado no porto da capital gaúcha. O ministro da Agricultura, o gaúcho Francisco Turra, disse nesta que "há sempre espaço importante para se construir uma relaçao melhor", acreditando que ,"na próxima semana, de cabeça fria, o governo federal e a equipe econômica, que está sob forte pressao (internacional)", poderao mudar de posicionamento, apelando ao governo gaúcho por "serenidade". "Agora nao é hora de bravatas e é preciso uma busca de soluçao equilibrada".

Nesse momento "tao delicado da economia nacional, em que perdemos o que é essencial para nós, a credibilidade junto aos outros países, perdemos muita da credibilidade a partir da moratória do governador Itamar Franco e o Brasil pagou caríssimo por isso", segundo o ministro.

Segundo Turra, o governo gaúcho "teve uma atitude mais sensata", ao depositar o dinheiro na Justiça. "Mas nesse instante de turbulência econômica nacional, qualquer decisao, quando se toma uma atitude mais forte e precipitada, se desestabiliza toda uma política econômica do governo. Sacrifícios sao exigidos da populaçao. O Congresso votou muito mais pelas circunstâncias do que pelo convencimento."

Francisco Turra acredita que "agora, de forma sensata, a melhor coisa que o governo gaúcho pode fazer é ter a humildade de sentar para conversar, porque o governo federal tem muitos instrumentos, mais do que de pressao, para manter junto aos órgaos internacionais a sua credibilidade. Talvez a nota (do Ministério da Fazenda) tenha sido demasiadamente pesada e dura, porque o Estado nao sendo inadimplente, nao pode sofrer retaliaçao".

O presidente Fernando Henrique "é uma pessoa extremamente sensata e hábil. Basta que o Rio Grande do Sul compreenda bem, também, a visao nacional". No caso do RS estar adimplente, o ministro acredita que "a ameaça (da nota) nao se consumaria. Foi muito mais para demonstrar que está na hora de encontrar um caminho".

Sexta, os três governadores filiados ao PT - Olívio Dutra, Jorge Viana (AC) e José Orcírio, o Zeca do PT, do Mato Grosso do Sul, divulgaram nota expressando "indignaçao" com a decisao do Ministério da Fazenda de impedir a obtençao de recursos externos para Minas e Rio Grande do Sul. O governador de Minas, Itamar Franco, preferiu nao comentar a medida.




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