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'Claro que tem de ser candidato', diz Chávez sobre presidente Lula
19/01/2006 | 23:59
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Menos ponderado que o governo brasileiro em abordar assuntos internos dos seus vizinhos, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sugeriu nesta quinta que o colega Luiz Inácio Lula da Silva apresente a candidatura à reeleição. "Claro que tem de ser candidato!", exclamou, após reunião na Granja do Torto. Chávez frisou, porém, que não tratou do assunto com Lula.

Ao final do encontro, que teve a presença do presidente argentino, Néstor Kirchner, Lula adiantou que não participará do Fórum Social Mundial, na próxima semana, em Caracas. A informação foi confirmada horas depois pelo Palácio do Planalto. Pela primeira vez em seu governo, Lula também estará ausente do Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça.

Indagado se o colega brasileiro havia desistido de comparecer ao Fórum Social Mundial por temor de manifestações contrárias, Chávez rebateu: "Imagina! Lula e eu não temos medo de nada. Somos machos." O tema das eleições presidenciais na América do Sul consumiu parte das conversas entre Lula, Chávez e Kirchner, na Granja do Torto. Até meados de 2007, o Brasil, a Venezuela, o Peru, a Colômbia, o Equador e a Argentina passarão por processos eleitorais. Os três presidentes falaram, também, sobre a vitória de Michelle Bachelet para a Presidência do Chile.

Eles concordaram, ainda, em organizar um pacote de ajuda econômica e política ao líder indígena Evo Morales, que assumirá no dia 22 a presidência da Bolívia. A informação foi confirmada pelo ministro das Relações exteriores, Celso Amorim. O coordenador desse pacote será o representante da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, o argentino Carlos Chacho Álvarez.

De acordo com Chávez, Kirchner comprometeu-se a oferecer à Bolívia um programa de vacinação e o seu país contribuirá com a construção de rodovias. Ele ressaltou, ainda, que os três países querem a adesão plena da Bolívia ao Mercosul.

Apesar de não ter mencionado claramente a contribuição de Lula a Morales, Chávez tocou numa questão nevrálgica. Defendeu a nacionalização das empresas do setor de gás na Bolívia e a elevação dos preços do produto, para equipará-los aos praticados nos Estados Unidos.

A nacionalização das empresas está prevista na Lei de Hidrocarbonetos, aprovada no ano passado pelo Congresso boliviano, que será regulamentada pelo futuro governo. "Tomara que a nacionalização se dê rapidamente. Apoiamos a medida com técnicos e amparo legal. É justo que a Bolívia recupere os lucros", afirmou Chávez.

Jantar – O presidente Lula aceitou o convite do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) para jantar com a bancada do PMDB no Senado nesta quinta, dois dias depois do almoço com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), em que trataram de reeleição. Entre as duas refeições, o partido lançou a candidatura presidencial do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), dificultando ainda mais uma aliança formal com o PT. Mas Lula manteve o jantar de pé por razões pragmáticas: quer o PMDB de qualquer jeito.

"Lula não terá o partido por inteiro, mas uma fatia ele levará de qualquer jeito", resumiu nesta quinta um influente senador peemedebista, antes do encontro com o presidente.




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