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'A Paixão de Jacobina' chega aos cinemas
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
26/09/2002 | 19:29
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Nacional exibido no Festival de Gramado e visto, na região Sul do país, por cerca de 100 mil pessoas desde sua estréia, há um mês, A Paixão de Jacobina chega nesta sexta a duas salas da região. O mote é a Revolta dos Mucker, em 1874, vista sob a ótica do cineasta Fábio Barreto. A trama é centrada em uma líder religiosa polêmica, vista por alguns como a reencarnação de Cristo e, por outros, como farsante.

Coincidência ou não, o papel de Jacobina foi entregue a Letícia Spiller, que encarnou o personagem Deus na montagem teatral O Falcão e o Imperador. Segundo Barreto, foi uma escolha acertada. “Ela é ótima. Uma grande profissional, com quem quero trabalhar de novo”. E defende a atriz e seu companheiro de set, Thiago Lacerda, dizendo que não escolheu o elenco de olho na bilheteria. “Ator em evidência não quer dizer nada. Se o filme não for bom, não será visto”, afirma.

Barreto, que acumula seis longas no currículo, fez seu maior público com O Quatrilho (1995), marco da retomada do cinema nacional que foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro. Foram 1,2 milhão de espectadores, 360 mil deles no Sul do país, onde foram feitas as locações. Falava sobre troca de casais em uma colônia italiana e Jacobina, da mesma região, se passa em uma colônia alemã.

Jacobina tem como ponto alto um tema atual, o fanatismo religioso. Nas recordações de Barreto, consta uma passagem curiosa. “Começamos a filmar em setembro de 2001 e, no dia 11, recebi a notícia que Nova York estava sob bombardeio. Eu filmava justamente a cena em que Jacobina anunciava o fim do mundo a seus fiéis”, diz.

Barreto associa os ataques terroristas à distribuição de seu filme, cuja estréia havia sido anunciada para 4 de outubro. “É uma conseqüência do poderio dos Estados Unidos. Os norte-americanos querendo ser os melhores e mandar em tudo. Nós tivemos de adiantar a entrada de Jacobina no circuito para não confrontar o filme com grandes produções de Hollywood. É uma tentativa de obter maior visibilidade”, afirma.

A Paixão de Jacobina está orçado em R$ 8,5 milhões. Baseado no livro Videiras de Cristal, do gaúcho Luiz Antonio de Assis Brasil, o filme movimentou 156 personagens, 2,5 mil figurantes e 103 técnicos e teve como locação dois centros da colônia alemã, o Vale dos Sinos e o Vale do Taquari, onde Jacobina nasceu.

A história começa em 1871, em uma colônia de imigrantes perto de São Leopoldo (RS), cujos moradores sobrevivem em meio aos efeitos da Guerra do Paraguai. Neste cenário cresce Jacobina Mentz. Desde os 13 anos ela sofre de desmaios e sonos profundos. Apaixonada pelo primo, Franz (Thiago Lacerda), ela se casa com o curandeiro João (Alexandre Paternost). Depois do nascimento de sua filha, começou a receber mensagens.

É sua paixão por Franz que a faz se dedicar aos pobres. Feito seu primeiro milagre, ela começa a reunir ao redor de si uma legião de seguidores. Passa a usar bata e coroa de flores e a viver em constante transe físico e espiritual. Assim formou-se a comunidade Mucker, chamada também de “falsos santos”, cujo fanatismo culminou em seu massacre pelo exército imperial.




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