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EUA dependem cada vez mais do setor privado para ir à guerra
Da AFP
19/05/2006 | 20:03
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O Pentágono está cada vez mais dependente das empresas privadas de segurança para suas operações no exterior, pela vantagem de serem flexíveis, rápidas e pouco onerosas politicamente para o governo americano, embora sejam mais difíceis de controlar.

"As empresas privadas de segurança estão envolvidas de maneira crescente no fornecimento de serviços" ao Exército dos Estados Unidos, ressaltou Deborah Avant, professora na George Washington University durante uma conferência organizada esta semana pelo neoconservador American Enterprise Institute.

No passado, estas empresas se ocupavam unicamente de fornecer comida e utensílios para o alojamento dos soldados na missão. "Agora, é muito mais do que isso", disse Dov Zakem, vice-presidente da consultoria Booz Allen Hamilton e ex-subsecretário da Defesa.

Estas empresas, como a americana Blackwater, dão proteção, formam as forças armadas locais, trabalham na inteligência e fornecem apoio logístico, entre outras atividades. Algumas oferecem uma gama muito ampla de serviços e outras são especializadas, completou Avant.

No Iraque, milhares de estrangeiros e iraquianos, atraídos por salários elevados, trabalham para estas firmas que representam o segundo contingente armado estrangeiro neste país, atrás apenas do Exército dos EUA.

Assim como acontece com os militares, estas empresas são alvo de ataques da rebelião. De acordo com o site independente Coalition Casualties, 332 estrangeiros empregados no Iraque por firmas privadas foram mortos.

Para presidente do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) e ex-subsecretário da Defesa, John Hamre, este crescente apelo às empresas privadas se explica, sobretudo, pela redução das tropas do Exército americano, que passou de 2,2 milhões de soldados em 1986 para 1,3 milhão na atualidade.

O vice-presidente da Blackwater e ex-responsável pelo setor de antiterrorismo do Departamento de Estado, Cofer Black, defende estas empresas, ressaltando sua velocidade e sua boa relação preço-qualidade. Black sustenta que o papel destas empresas é "liberar" os militares para que eles possam se ocupar das tarefas mais difíceis.

Para Deborah Avant, as firmas privadas de segurança têm muitas vantagens, em especial sua reatividade, flexibilidade e especialização. Outra vantagem é que recrutam em nível internacional, ao contrário do Exército. Além de tudo, e este é, sem dúvida, um dos aspectos mais importantes, são menos onerosas politicamente para o governo em comparação ao envio de soldados.

Existe, porém, o outro lado da moeda. As empresas privadas podem ser caras, quando a qualidade exigida e o perigo são elevados. A confiabilidade também pode deixar a desejar. "Nada obriga os empresários a ficar, quando as balas começam a surgir", completou Avant.

O recurso às empresas privadas também representa um problema de integração com os soldados do Exército americano, sem falar no vazio jurídico que cerca estes homens. "As leis da guerra foram concebidas para os Exércitos tradicionais. O status legal do pessoal mobilizado pelas empresas de segurança privadas freqüentemente não está claro", destacou Avant.



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