O ex-presidente Fernando Collor lançou neste domingo sua pré-candidatura à Prefeitura de Sao Paulo numa festa promovida pelo nanico PRTB e que reuniu entre 1,5 mil a 2 mil pessoas, no Centro de Convençoes do Anhembi, na Zona Norte da capital. Levada por ônibus contratados por futuros candidatos do partido, a multidao chegou cedo ao local, atraída por conjuntos musicais que se revezavam no interior do pavilhao, um trio elétrico incrementado por um grupo de dançarinas na parte externa e farta distribuiçao de lanches. Collor chegou ao local às 15h e, falando como candidato, fez um inflamado discurso anunciando seu retorno à política brasileira, oito anos depois do impeachment.

A festa teve o claro propósito de criar um fato para marcar a volta de Collor à política. O discurso agressivo e eloqüente, os gestos com o punho direito cerrado e o tratamento de "minha gente" à multidao, mostraram que Collor conserva o mesmo estilo de 1989. "Aqueles que hoje estao oprimindo vocês com os salários aviltantes sao os mesmos que, em 1992, me apearam da presidência da República", gritou o ex-presidente.

Collor permaneceu cerca de meia hora no local. Depois do discurso, sempre aplaudido por uma claque puxada pelo presidente do PRTB, Levi Fidélix - conhecido por repetir em todas as campanhas eleitorais a proposta de construçao do eurotrem em Sao Paulo -, ele deu uma curta entrevista e se retirou.

O ex-presidente afirmou que as agressoes sofridas pelo ministro da Saúde, José Serra, e pelo governador Mário Covas, sao reaçoes populares contra a política econômica. "O PSDB está tendo o tratamento que merece por parte do povo brasileiro", disse Collor. O ex-presidente explicou, no entanto, que é contra os atos de violência.

Com a candidatura ainda indefinida pela justiça eleitoral - que ainda nao decidiu se a cassaçao dos direitos políticos até o final de 2000 implica também na proibiçao de concorrer a cargos eletivos - Collor disse que já conseguiu a primeira vitória ao conquistar o reconhecimento do Tribunal Regional Eleitoral sobre seu novo domicílio eleitoral, em Sao Paulo. "Nao tenho nenhuma dúvida de que minha candidatura está consistente e que receberá o apoio e a confiança do eleitorado paulistano".

O ex-presidente afirmou que nao está preocupado com as pesquisas de intençao de voto, que o colocam como um dos lanterninhas da disputa pela prefeitura paulistana. Ele fez um paralelo com a campanha eleitoral de 1989, quando concorreu à presidência da República e venceu. "No início da campanha, em 1989, eu estava com 1% das intençoes de voto. Hoje eu estou com 3% a 4%. Melhorou um pouco. Tenho certeza de que no decorrer da campanha, a populaçao paulistana entenderá que o programa e as propostas atendem suas expectativas."

Sempre falando em nome dos descamisados e pés descalços, Collor anunciou que uma de suas prioridades na Prefeitura será a segurança pública. Prometeu retomar um convênio em que a Polícia Militar, subordinada ao governo estadual, seja obrigada a trabalhar em conjunto com a guarda civil metropolitana no combate à violência. "Nao podemos mais permitir que Sao Paulo viva em estado de sítio permanente. Nao temos mais condiçoes de sair às ruas sem a certeza de que voltamos vivos para nossas casas."

A oficializaçao do nome de Collor, no entanto, deve ser feita no próximo dia 25, dia da convençao do partido. Na mesma data serao definidos o vice que comporá a chapa do ex-presidente e lançados os candidatos a vereador pelo partido. O presidente do PRTB, Levi Fidelis, afirmou que o partido está aberto para a formaçao de alianças. "Podemos somar com vários partidos, como o PFL, PMDB, PL ou PTB, menos com o PT, PSB e PSDB", disse.