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PF descobre relação entre Operação Anaconda e o TRT-SP
24/11/2003 | 23:14
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A Polícia Federal (PF) descobriu, num cruzamento de escutas telefônicas, indícios da ligação entre o esquema de venda de habeas-corpus investigado na Operação Anaconda com o desvio de R$ 196,7 milhões das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo.

Depois de analisar, minuciosamente, gravações de telefonemas entre os integrantes do grupo que atuava em vários Estados, a PF descobriu que, em pelo menos uma das ligações, são citados nomes supostamente envolvidos no caso do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

A PF pretende manter em sigilo os nomes dos implicados, mas, nos grampos feitos com autorização judicial, há referências a cifras - o que pode representar, segundo investigadores, uma combinação para a divisão de recursos da construção do TRT paulista. "Nossa suposição é que se tratava de uma parcela dos depósitos feitos para a construção do fórum", confirma um delegado envolvido na apuração.

Ao passar o ‘pente fino’ nos registros gravados, a PF encontrou uma referência a "120 paus", que podem corresponder a R$ 120 mil, segundo a primeira avaliação dos policiais. O valor, conforme a conversa entre um dos integrantes do esquema de venda de sentenças, era dividido, provavelmente, entre três ou quatro suspeitos. "Não sabemos ao certo o que era, mas estamos recuperando as gravações e cruzando com todas as datas ligadas ao TRT", informa o delegado.

No episódio das obras do fórum, foram presos o ex-senador Luiz Estevão (DF), que teve o mandato cassado por causa do escândalo, além do juiz trabalhista aposentado Nicolau dos Santos Neto. Estevão passou poucos dias na cadeia e Nicolau amargou um período mais longo de cativeiro, antes de ser libertado, há cerca de dois meses. Ele teve vários bens apreendidos pelo governo, até mesmo um apartamento em Miami, nos Estados Unidos, que foi vendido para ressarcir os cofres públicos.

A PF aguarda a chegada dos documentos apreendidos na sexta-feira (21) em seis casas de câmbio, agências de viagens e corretoras de valores de São Paulo e São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP). No meio de todo o material, estaria cerca de US$ 1,5 milhão pertencente a um doleiro paulista. Os papéis podem comprovar que o grupo promovia a lavagem de dinheiro.




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