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Desnacionalizaçao afeta setores siderúrgico e petroquímico
Do Diário do Grande ABC
04/02/2000 | 16:01
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A preocupaçao do governo com a desnacionalizaçao da economia, principalmente dos setores siderúrgico e petroquímico é justificada pelo número de fusoes e aquisiçoes feitas por estrangeiros, nos últimos anos. Desde 1997, essas operaçoes cresceram 74,35%, somente no ramo de siderurgia e metalurgia, segundo a KPMG Corporate Finance. No ano passado, as transaçoes deste segmento envolvendo empresas do exterior representaram 66%. Há três anos, este percentual era bem mais restrito: 39%.

No entanto, o ano de 1999 apresentou queda do número de aquisiçoes em siderurgia. Esse fenômeno ocorreu depois de um aquecimento, que foi registrado de 1995 a 1998. O total de negócios fechados nesses respectivos anos foi de 9, 17, 18 e 23, até o recuo para apenas 9 transaçoes, no ano passado.

Em 1999, todas as seis aquisiçoes e fusoes que foram registradas no setor químico e petroquímico também foram feitas por grupos estrangeiros. Em 1997, pouco mais da metade desses negócios (55%) eram realizados por essas empresas. Mas o fenômeno de encolhimento das vendas/compras de empresas também foi registrado neste segmento, no último ano. Em 1998, o total de transaçoes havia ficado em 25.

A participaçao de grupos estrangeiros vem crescendo em todos os setores brasileiros. Desde 1996, esse percentual no total de fusoes e aquisiçoes passou de 51% para 67%, no ano passado. Mas a maior fatia do mercado comprada por empresas do exterior, no Brasil, está no segmento de telecomunicaçoes (83%).

Apesar da reduçao de 15% no número de negociaçoes totais no ano passado, o sócio da KPMG, André Castello Branco, acredita numa retomada do ritmo de negócios. Ele prevê crescimento médio de 20%, em relaçao a 1999, que terminou com 309 transaçoes no mercado.

Branco defende ainda um maior acompanhamento dos setores siderúrgico e petroquímico, por meio da criaçao de agências públicas. O que serviria para verificar se a abertura econômica está realmente trazendo benefícios para o país. ``O papel do governo nao é ter siderúrgicas, mas regular', disse. Para ele, a chegada dos estrangeiros no ramo de telecomunicaçoes causou problemas num momento inicial, mas está ajudando muito na melhoria da qualidade do serviço.

O analista da Austin Asis, Luiz Miguel Santacreu, acredita que deve haver uma revisao do modelo de abertura econômica para os setores de energia, saneamento, de bancos públicos e Petrobrás. ``O Brasil abriu o mercado mas nao recebeu nada em troca', disse.




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