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Maior biblioteca da regiao reabre na quarta
José Carlos Pegorim
Da Redaçao
27/02/2000 | 17:48
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  Depois de uma reforma de três meses, em que chegou a ficar parcialmente fechada para o público, a biblioteca central de Santo André, a Nair Lacerda, instalada num prédio de três andares no Paço, será reentregue aos leitores na quarta-feira. A principal novidade é que, a partir de agora, eles terao livre acesso para circular entre os 76 mil volumes da maior biblioteca da regiao.

Guiados pelo olhar e pela curiosidade, os leitores vao eles mesmos poder procurar os livros nas estantes, ler lombadas (lado do livro onde fica a costura) e folhear o material existente sobre um mesmo tema, em vez de restringir-se às informaçoes áridas coligidas no catálogo. É a invençao da liberdade, para parafrasear a obra homônima do filósofo Jean Starobinski, também adquirida pela biblioteca.

E, para facilitar a busca de uns poucos entre milhares de livros, a biblioteca tem agora uma sinalizaçao visual digna do nome: as laterais das estantes trazem as informaçoes catalográficas e os assuntos ali reunidos em letras grandes e brancas sobre um fundo azul. É o fim das marcaçoes feitas com pincel atômico ou da folha de papel em branco colada com durex.

O grande público das bibliotecas municipais sao os estudantes de ensino fundamental e médio atrás de informaçoes para fazer seus trabalhos escolares, diz a bibliotecária Gláucia Saspadini Lanzoni, 42 anos, gerente de bibliotecas de Santo André. Muita coisa vai mudar com o livre acesso, imagina Gláucia: "A criança e o jovem vao perceber que nao precisam pegar só o livro que o professor mostrou". E os pais vao acabar achando um livro de seu interesse nas estantes, acredita, ao invés de cuidar tao somente do leva-e-trás ou de ajudar a copiar o texto.

O acervo começou também a ser atualizado. Cerca de 12 mil livros foram comprados no ano passado para a biblioteca central, e outros vêm este ano. As compras dos últimos anos, que respondiam às necessidades de uma biblioteca escolar gigante, agora foram diversificadas: atualizaçao nas áreas de artes, ciências sociais e literatura (faltava, por exemplo, História do Cerco de Lisboa, de José Saramago). Mas também livros de auto-ajuda, o Guinness, manuais de curiosidades, misticismo, best-sellers e informática (A Estrada do Futuro, do fundador da Microsoft, Bill Gates, foi dos mais pedidos).

A biblioteca sofreu também reformas físicas. Além da aquisiçao de móveis e sofás, passou a ter uma única entrada, no primeiro andar (piso do Paço), que dá acesso a todos os andares e acervos da biblioteca. Antes, os leitores entravam por duas portarias diferentes, no primeiro e segundo andares, e eram separados segundo o acervo que iriam consultar. Para passar de um andar para o outro, só dando a volta por fora.

A Nair Lacerda tornou-se também mais acessível: ganhou banheiros adaptados para portadores de deficiência, e o acervo em braile desceu do segundo andar para uma área junto à entrada, no primeiro.

Vale conhecer ainda outra novidade: os livros têm agora uma tarja com tinta magnética, invisível, que aciona os alarmes dos portais na saída da biblioteca. O fim do xerox (por força da nova lei dos direitos autorais) aumentou os danos (o sujeito que recorta uma foto para colar no seu trabalho de escola) aos livros da Nair Lacerda em algo como 20%, estima Gláucia. E fez cair o público escolar em geral, sem ânimo para gastar mais tempo copiando verbetes em enciclopédia. Gláucia espera que o público cresça com o livre acesso. A tarja magnética estará lá para que os mais espertos nao levem embora os volumes, imaginando ter mais precisao deles do que os simples mortais.




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