Economia Titulo Delivery em risco
Federação de hotéis e restaurantes inicia boicote à plataforma iFood

Empresários do setor questionam o valor das taxas cobradas e falam em ‘monopólio’ do serviço de entregas de produtos alimentícios

Da Redação
12/05/2025 | 10:56
Compartilhar notícia
FOTO: Paulo Pinto/Da Agência Brasil
FOTO: Paulo Pinto/Da Agência Brasil Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


A Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) está em campanha para que o setor deixe de utilizar o iFood para suas entregas. A entidade diz que a plataforma é detentora de quase 90% do mercado e que prejudica os empresários do segmento, ao praticar taxas exorbitantes e não ter critério seguro para o credenciamento dos restaurantes.

No site do iFood aparecem dois planos de cobrança, o ‘Básico’, com 12% de comissão sobre pedidos delivery, e o ‘Entrega’, com 23%. Nos dois casos, é cobrada ainda uma taxa de 3,2% para pedidos pagos via plataforma.

“Tentamos, ao longo dos últimos anos, negociar, de todas as formas, com o iFood. Porém, ela é inflexível. As taxas excessivas que pratica, inclusive, fazem com que, praticamente, os restaurantes trabalhem para ela. O monopólio não fez bem ao iFood, que estabeleceu uma relação predatória e de dominância com os parceiros”, aponta o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto.

Na última segunda-feira, a Rappi anunciou isenção de tarifa para novos e os atuais parceiros pelos próximos três anos.

O representante da Fhoresp também critica a forma como o iFood cadastra os estabelecimentos – isso porque, a plataforma não exige documentação junto aos órgãos de controle.

LEIA TAMBÉM:

Empresas da região garantem presença em evento de delivery

“Para se ter uma ideia, a Fhoresp pediu ao iFood a obrigatoriedade de alvará de funcionamento do estabelecimento ou o expedido pela Vigilância Sanitária como condição para atuar na plataforma. Contudo, foi negado. Isso é um risco à saúde pública, porque não se tem garantia de onde o consumidor está comprando a alimentação, a procedência dos produtos, bem como o armazenamento e a manipulação”, alerta Edson Pinto.

CONCORRENTES

Na disputa do mercado de entregas, a 99Food anunciou, em abril, seu retorno ao mercado on-line, com direito à estratégia parecida com a da Rappi. A isenção para cadastrados, neste caso, vale por dois anos. Até então, os restaurantes se viam obrigados a aumentar o valor no cardápio para cobrir as taxas, que variam de 18% a 32%

“Sem o monopólio, temos, hoje, um cenário que possibilita ao empresário da refeição fora do lar migrar para plataformas que permitam obter um lucro que dê sustento ao próprio negócio, não ficando à mercê de uma só plataforma e que tem arrasado todo o setor”, afirma Pinto.

MOTOBOYS

Em meio à briga entre os gigantes do delivery, há aqueles que trabalham na ponta final dos serviços: os entregadores. Recentemente, a Fhoresp apoiou o movimento grevista contra o iFood. A categoria realizou paralisação nacional em 31 de março, por melhores condições de trabalho e o aumento na remuneração das entregas.

“É urgente repensar o modelo destas plataformas on-line com respeito aos estabelecimentos e aos entregadores. Sem quem faz a comida e sem quem entrega, não tem delivery, simples assim!”, destaca o diretor-executivo da Fhoresp.

Empresa contesta e diz que defende livre mercado

Em nota, o iFood questiona as afirmações da Fhoresp e nega que tenha ‘mais de 90% do mercado’, como afirma a entidade.

“O iFood defende o livre mercado e a livre concorrência. Seguimos focados em reforçar nosso compromisso de longo prazo com o crescimento sustentável de todo o ecossistema. Estamos comprometidos em potencializar o sucesso dos parceiros, otimizando e impulsionando cada estabelecimento cadastrado em nossa plataforma e garantindo um atendimento de qualidade”, diz a plataforma.

“Somos uma empresa brasileira que se adaptou ao longo dos últimos 15 anos a competidores regionais e internacionais. O mercado de delivery já é altamente competitivo e pulverizado. Cerca de 65% dos pedidos de delivery no Brasil ainda acontecem pelo WhatsApp, telefone e aplicativos próprios dos restaurantes”, prossegue a nota.

“Ao vender pelo iFood, os mais de 400 mil estabelecimentos parceiros recebem a experiência de pagamento on-line; prevenção de fraudes e estorno; informações estratégicas para os restaurantes, como os horários e bairros mais rentáveis; possibilidade de disponibilizar diversas formas de pagamento; informações sobre e diferentes comportamentos de consumo de seus clientes e, sobretudo, marketing, ajudando os pequenos empreendedores a expandirem sua marca, levando visibilidade para além de seus bairros, com redes sociais, canais de TV, outdoors e rádio – expandindo o alcance para até 10 km de distância do seu ponto.” 

A empresa finaliza a nota destacando o número de entregadores que atuam na plataforma. “O ecossistema do iFood gera mais de 900 mil postos de trabalho diretos e indiretos em todas as regiões do Brasil. Reforçamos o nosso compromisso com a produtividade dos restaurantes, o alcance ao cliente final e o desenvolvimento do mercado de delivery no Brasil.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;