Cerca de mil refugiados e moradores de Kruma, na Albânia, abandonaram neste domingo suas casas neste povoado setentrional, bombardeado por forças sérvias, apesar de as autoridades de Belgrado terem acatado o plano de paz para a província de Kosovo. O lugarejo de Kukes, povoado mais seguro e localizado a apenas 15 quilômetros da regiao bombardeada, foi o destino do grupo. Segundo Andrea Angeli, da Organizaçao para a Segurança e Cooperaçao na Europa (OSCE), dez bombas explodiram esta madrugada em Kruma, onde se encontram 19.000 refugiados de Kosovo.

Esse é mais um sinal de que a aceitaçao iugoslava do plano internacional para Kosovo nao representou o cessar-fogo na fronteira, onde os rebeldes do Exército de Libertaçao de Kosovo (KLA) tentam manter tropas e armas para levar adiante a luta pela independência. Na última sexta-feira, segundo Angeli, as forças sérvias bombardearam vários povoados na fronteira com a Albânia, deixando um saldo de dois feridos em Perollaj e matando uma jovem de 18 anos em Golaj.

Os bombardeiros, de acordo com o serviço de imprensa do KLA, o Kosova Press, ocorreram também em Malisevo, uma aldeia próxima à capital de Kosovo, Pristina, há até pouco tempo controlada pelos rebeldes. Ainda segundo a agência de informaçao, as forças iugoslavas atacaram povoados próximos a Malisevo, usando tanques e morteiros. Também foram disparados, conforme informaçoes da Kosova Press, nove foguetes sobre as montanhas de Berisha, no sul de Kosvo, ferindo 15 civis.

``Enquanto na Europa festava o possível fim dos bombardeios da Otan, parece que a campanha tornou-se prematura', diz um trecho da mensagem transmitida pelo KLA. As informaçoes sobre bombardeios nao puderam ser confirmadas junto a fontes independentes, porque os observadores internacionais deixaram Kosovo e a atuaçao de jornalistas na província foi limitada.

O plano de paz apoiado pela Organizaçao do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e pelo presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, determina o desarmamento do KLA. Mas os líderes rebeldes já advertiram, em diversas ocasioes, que só entregarao suas armas quando as forças sérvias abandonarem Kosovo e a força internacional expedicionária tiver ocupado a província.