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Exportaçoes podem crescer US$ 13 bi se forem aceleradas
Do Diário do Grande ABC
17/06/1999 | 15:16
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O ciclo médio para exportaçao de um produto brasileiro, considerando todos os tempos consumidos nas diversas fases da cadeia produtiva até a entrega ao importador, é de 124 dias. Caso esse período fosse reduzido a um ciclo de 61 dias, padrao desejável para o setor se tornar competitivo, as exportaçoes brasileiras teriam um crescimento adicional de 26,3% ou o equivalente a US$ 13 bilhoes, enquanto o market share (novos mercados) teria um aumento de 24,2%, somando mais US$ 12 bilhoes, conforme estudo feito pela Fundaçao Getúlio Vargas e Câmara Americana de Comércio de Sao Paulo (Amcham-SP).

O estudo feito pelas duas entidades, intitulado "Competitividade Global da Empresa Brasileira na Dimensao Tempo", será encaminhado a todas as autoridades governamentais da área de comércio exterior a partir da próxima semana pelo presidente da subcomissao de Comércio Exterior da Comissao de Economia da Câmara Federal, deputado Emerson Kapaz (PMDB-SP), com o intuito de aprimorar o desempenho exportador. O trabalho, realizado com 177 empresas exportadoras de diversos portes e nacionalidades em todo o país, entre o segundo semestre de 1998 e o primeiro semestre deste ano, elenca os principais gargalos do setor exportador, com destaque para o "lead time" (tempo dispendido) na exportaçao.

Os técnicos da FGV e da Amcham-SP atestam que, caso o tempo dispendido para exportar fosse reduzido em cerca de 50%, o custo operacional das empresas poderia ser diminuído em 28,5%, o que corresponderia a US$ 1 bilhao, enquanto o custo financeiro teria uma queda de 22,3%, ou o equivalente a US$ 1,5 bilhao. "Para muitos exportadores nacionais cada dia de reduçao no chamado "lead time" pode representar mais de US$ 1 milhao em estoques e, portanto, reduçao apreciável do custo de manutençao desses estoques", assinalam.

O deputado Emerson Kapaz salienta a importância do estudo, observando que a maioria das pesquisas feitas até agora sobre a competitividade das empresas exportadoras (encomendadas pelo governo ou por entidades de classe privadas) abrange somente questoes relativas à qualidade, preços e condiçoes de financiamento e pagamento. As próprias empresas pesquisadas (50%) afirmaram nao tomar conhecimento da importância do tempo gasto na exportaçao.

A pesquisa alerta ainda que o Brasil deve estar mais atento a esse fator porque, em funçao da grande distância física que separa o país de seus grandes clientes e fornecedores, a desvantagem é maior. Observa também que nos processos logísticos de exportaçao e importaçao, as grandes distâncias sao vencidas através do transporte marítimo, de custo mais baixo, mas mais lento. "Um exportador brasileiro que importe insumos e exporte seu produto tem, invariavelmente, agregados ao seu tempo de exportaçao mais duas a oito semanas", ressaltam os técnicos.

O estudo lembra que a reduçao do tempo na exportaçao é fator essencial para que o governo alcance a meta que se propôs de dobrar as exportaçoes até o ano de 2002, passando dos atuais US$ 50 bilhoes para US$ 100 bilhoes. Os técnicos da FGV e da Câmara Americana de Comércio lembram que as exportaçoes brasileiras estao estagnadas. Em valor nominal, as vendas externas passaram de US$ 20 bilhoes para US$ 51 bilhoes no período 1980-1998, registrando um crescimento de 155%. Expresso em dólares constantes de 1980, no entanto, esse valor passou de US$ 20 bilhoes para US$ 26 bilhoes, com um crescimento real de 30%, ou cerca de 1,5% ao ano. "As explicaçoes para esse baixo desempenho consideram sempre a reduçao do preço das commodities, crise econômica da América Latina, desaquecimento da economia mundial, financiamentos insuficientes e custos elevados de logística. O fator tempo, contudo, tem sido ignorado", alerta o estudo.




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