Mas até o início da noite desta segunda-feira, integrantes do PMDB afirmavam que o governo ainda não tinha cumprido sua promessa. Nem mesmo a demissão do presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, para dar vaga ao PMDB tinha sido formalizada. A saída Pinguelli, que será substituído por Silas Rondeau, hoje presidente da Eletronorte, é o sinal que está sendo aguardado pelos peemedebistas de que os outros cargos reivindicados – diretorias na Caixa e no Banco do Brasil – serão preenchidos por indicados do partido.
O PMDB também decidiu bancar a nomeação do ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) para a presidência do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), apesar das denúncias contra o ex-parlamentar, entre elas, o desvio de verbas da Sudam. "Vocês assumem o ônus de manter essa nomeação? Se vocês assumirem isso não vou me opor", afirmou o presidente Lula, segundo relato de petistas com trânsito no Palácio do Planalto. Os pemedebistas garantiram ao presidente que as acusação contra Bezerra são "infundadas". O ex-senador conseguiu convencer a cúpula do partido e o ministro da Previdência, Amir Lando, de que não tem culpa. Alegou ainda que as denúncias têm "cunho eleitoral" não passam de "uma guerra política" em seu Estado.
Irritados com a demora do governo em liberar as emendas dos parlamentares e em atender a demanda dos aliados por cargos, o PTB, o PP e o PL se uniram e impediram, nas últimas duas semanas, a votação de oito medidas provisórias que estão trancando a pauta da Câmara. O PP, que se rebelou e se uniu à oposição para impedir votações na Câmara, deverá ser contemplado com a diretoria de abastecimento da Petrobrás.
Sem ocupar nenhum ministério, o governo também prometeu uma diretoria da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para o partido, que seria preenchida pelo candidato derrotado ao governo do Distrito Federal, Benedito Domingos. Segundo interlocutores do presidente Lula, o PTB e o PL também receberão ainda esta semana os cargos que estão pleiteando.
Além dos R$ 300 milhões que o governo promete liberar ao longo desta semana das emendas dos parlamentares, o Palácio do Planalto distribuiu na semana passada R$ 213 milhões de restos a pagar dos orçamentos de 2003 e 2002 para emendas de deputados e senadores.
Para o ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, não há risco da máquina pública federal ficar menos técnica e mais política com a entrega de cargos do segundo escalão aos aliados. "A máquina do governo e os órgãos públicos não mudam a sua política econômica porque um partido vem participar da administração", disse o ministro. "Estamos em um regime presidencialista em que o partido do presidente não tem maioria no Congresso. É uma coalizão. Os partidos participam da gestão do governo com legitimidade. Os seus membros foram eleitos e têm representação. O programa de governo continuará a ser seguido até porque esses partidos apoiam o programa", acrescentou.
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