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O perigo da dengue e o papel de cada um nessa guerra
Fabiano Gonçalves Guimarães
20/01/2025 | 08:11
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A dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, permanece como um grave problema de saúde pública no Brasil e o seu enfrentamento requer um esforço conjunto: do poder público, da sociedade e de cada indivíduo. Afinal, combater a dengue não é apenas responsabilidade das autoridades, mas também de todos nós.

A primeira morte por dengue deste ano recém chegado, infelizmente já aconteceu, na cidade de Birigui, interior de São Paulo, de acordo com o Ministério da Saúde. Mesmo em 2025, com tanta tecnologia à nossa disposição, estamos perdendo pessoas para uma doença transmitida por um mosquito minúsculo que se prolifera em água parada, que infelizmente está em todo lugar. 

Por isso, a principal forma de prevenção é eliminar os criadouros. Cada pessoa pode começar examinando a própria casa e o quintal, eliminando objetos que acumulam água, como garrafas, pneus e vasos de plantas. Mesmo pequenos recipientes, como tampas de garrafas, podem se tornar ambientes propícios para o mosquito. Além disso, é importante manter caixas d’água bem fechadas e ralos sempre limpos. Se houver plantas que necessitem de pratinhos para reter água, deve-se preenchê-los com areia. Inspecionar semanalmente esses pontos é uma prática simples, mas poderosa.

Além das ações individuais, é fundamental entender que o combate à dengue é uma responsabilidade coletiva. Estamos em um verão chuvoso, o que agrava ainda mais a situação. A dengue se prolifera muito além dos nossos lares. Está presente nos pneus abandonados, nos objetos deixados nos pontos de descartes, naquela piscina sem manutenção da casa de veraneio que quase nunca recebe os donos. Por isso, a conscientização da comunidade é um dos pilares mais importantes na luta contra o mosquito. 

Conversar com vizinhos, amigos e familiares sobre a necessidade de eliminar criadouros, organizar mutirões de limpeza em bairros e reportar possíveis focos às autoridades de saúde são atitudes que podem fazer uma enorme diferença. Quando todos assumem seu papel, o impacto é muito maior, pois o mosquito não encontra espaço para se reproduzir e dessa forma, as chances de reduzir os focos de reprodução do mosquito são muito altas, protegendo a todos nós, que estamos sujeitos a ela. 

Sintomas como febre alta, dor no corpo, cansaço e manchas vermelhas na pele devem ser levados a sério, e a busca por atendimento médico imediato pode salvar vidas. As Unidades Básicas de Saúde, por estarem localizadas perto das comunidades, têm um papel importante no cuidado às pessoas que apresentam estes sintomas. A estruturação de serviços para o diagnóstico rápido, o manejo dos casos graves e a conscientização sobre os sintomas é crucial. Os gestores em saúde têm a difícil tarefa de organizar seus serviços para um possível aumento de procura por atendimento ao mesmo tempo que garantem o atendimento às condições crônicas como hipertensão e diabetes. 

É fundamental que cada um faça sua parte. A cada criadouro eliminado, uma vida é protegida. Cada gesto de cuidado no bairro é uma barreira contra a disseminação do mosquito. Além disso, precisamos reforçar a educação em escolas, comunidades e nas mídias, sensibilizando as pessoas sobre o impacto da dengue e a importância da prevenção. O combate à dengue começa dentro de casa, mas deve ser um esforço de toda a comunidade, com apoio constante do sistema de saúde e das autoridades.

Fabiano Gonçalves Guimarães é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade




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