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EUA sofrem revés com possível ligação de Cheney com a CIA
Da AFP
25/10/2005 | 17:57
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Novas interrogações sobre o papel do vice-presidente americano Dick Cheney em um caso de vazamento à imprensa do nome de uma agente da CIA reforçaram nesta terça-feira as preocupações da Casa Branca, que aguarda eventuais indiciamentos.

O governo norte-americano está à espera da decisão do promotor independente Patrick Fitzgerald, que busca determinar se os funcionários da Casa Branca cometeram um delito ao rever à imprensa a identidade da agente secreta Valerie Plame, esposa de um ex-embaixador que questionou publicamente as justificativas da guerra no Iraque. Este ex-diplomata, Joseph Wilson, afirma que a Casa Branca quis desacreditá-lo ao revelar a identidade de sua mulher.

O caso, que monopoliza a atenção dos analistas políticos, parece estar chegando ao fim já que o mandato do Grande Júri, informado por Fitzgerald dos avanços da investigação, expira na sexta-feira.

As personalidades mais ameaçadas são o principal conselheiro do presidente George W. Bush, Karl Rove, e o diretor de gabinete de Cheney, Lewis Libby. Dois jornalistas afirmaram que Rove e Libby conversaram com eles sobre o casal Wilson/Plame. Porém, uma matéria do New York Times publicada nesta terça-feira afirma que Libby foi informado pelo próprio Cheney da identidade de Plame, uma especialista em armas de destruição em massa.

O caso remonta a julho de 2003. Naquela época, Wilson publicou uma matéria acusando o governo de ter ignorado sua investigação revelando a ausência de um tráfico nuclear entre Iraque e Níger, evocado em um discurso presidencial pronunciado antes da guerra. O ex-embaixador questionou então os "falsos pretextos" que teriam sido apresentados para justificar a invasão do Iraque. Oito dias depois, um jornalista conservador minimizou a acusação de Wilson, dando a entender que ele somente tinha conseguido investigar esse tráfico graças a intervenção de sua mulher.

No entanto, segundo o Times, Libby já sabia da identidade de Plame antes mesmo da publicação desses artigos, pois havia sido informado por Cheney em junho de 2003.

Esta revelação, comprovada por advogados anônimos citados pelo jornal, contradiria o depoimento de Libby. Segundo o jornal, Libby havia afirmado ter escutado pela primeira vez o nome de Valerie Plame em conversas com jornalistas. O próprio Cheney havia afirmado, durante uma entrevista televisiva em setembro de 2003, não saber quem era Wilson.

Sem acusar Cheney ou Libby de ter descumprido a lei, o artigo do New York Times diz implicitamente que indiciamentos por mentir sob juramento ou por atrapalhar o andamento da justiça poderão ser pronunciados.

Indagado, o porta-voz de Fitzgerald se recusou a comentar o caso. Na Casa Branca, o porta-voz presidencial, Scott McClellan, se limitou a elogiar Cheney. "O vice-presidente está fazendo um trabalho fantástico nesta administração", declarou.

O caso Plame é mais um problema para o governo de Bush, já abalado pela insurreição no Iraque, pelo fiasco da assistência às vítimas do furacão Katrina e pelas críticas suscitadas pela designação da advogada particular do presidente, Harriet Myers, à Suprema Corte. Bush, muito mal nas pesquisas de opinião, havia prometido há alguns meses que qualquer pessoa que "cometeu um crime não trabalhará mais nesta administração".

Nesta terça-feira, o senador democrata Charles Schumer lhe pediu que demitisse qualquer pessoa indiciada no caso Plame, sem esperar a sentença de um eventual julgamento.




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