A diretoria do Télégramme denunciou nesta sexta-feira uma decisão do Ministério Público de Quimper (oeste da França), que obrigou a operadora telefônica Orange a fornecer à polícia a identidade de fontes com as quais um de seus jornalistas manteve contato por telefone.

Em um comunicado, o jornal da Bretanha considera "inaceitável que disposições legais que permitem proteger as fontes dos jornalistas sejam ignoradas pela justiça".

Depois de uma investigação publicada em 19 de junho de 2006 sobre um assassinato vinculado a gangues de Nantes (oeste) cometido no ano passado na pequena cidade de Bénodet, o autor da matéria foi convocado pela polícia, que queria a identidade de suas fontes, explicou o jornal.

O repórter se recusou a revelá-las, em nome da lei que defende a proteção das fontes jornalísticas. Entretanto, várias dessas fontes se queixaram por terem sido convocadas em seguida pela polícia, acrescentou o Télégramme.

Segundo uma investigação conduzida pelo jornal, "a operadora telefônica Orange forneceu à polícia, a pedido do Ministério Público, a relação das ligações efetuadas por nosso colega a partir do celular do Télégramme no exercício de suas fontes", prosseguiu.

Esta relação foi obtida "sem que tenha sido solicitado o acordo da diretoria do jornal", lamentou a publicação.

A decisão do Ministério Público "violou as regras que protegem a liberdade da imprensa", denunciou o Télégramme, lembrando a posição da Corte européia de Justiça segundo a qual "a proteção das fontes jornalísticas é um dos pilares da liberdade da imprensa".

Questionada, a procuradora de Quiper, Anne Kayanakis, destacou que uma investigação havia sido aberta após a publicação da matéria do Télégramme.