Há exatos 24 anos morria Tancredo Neves, político mineiro que marcou a transição do regime militar para a abertura política, em 1985, e que até hoje representa a esperança na democracia nas instituições brasileiras. Entretanto, atualmente, sua figura e legado se estendem mais ao neto Aécio Neves (PSDB), governador de Minas Gerais, que não esconde a pretensão de concorrer à sucessão presidencial de 2010.

Tancredo, eleito indiretamente para a Presidência em 15 de janeiro de 1985, foi internado às vésperas da posse, morrendo em 21 de abril seguinte.

"Era uma pessoa muito carismática, comprometida com os interesses nacionais, que arregimentou a esperança de um povo em momento emblemático da política brasileira, quando a economia estava bastante fechada, com inflação na casa dos 200% ao ano, déficit publico elevado e aumentos do desemprego e da concentração de renda", avalia Orlando Assunção, professor da ESPM.

Assunção destaca que além de ser um importante personagem na democratização do País, Tancredo Neves também participou de outro importante momento da história, quando ocupou o cargo de primeiro-ministro durante um curto período após a renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961. "Foi uma medida de última hora para evitar que João Goulart assumisse como chefe de Estado."

Para Marco Antônio Carvalho, professor de Ciência Política da FGV (Fundação Getulio Vargas), Tancredo Neves era um político de consenso que agregava tanto os interesses da direita quanto os da esquerda. "A frustração com a derrota da campanha das ‘Diretas Já' acabou se expressando na esperança na transição de uma democracia sem traumas. E Tancredo Neves acabou catalisando este processo", avalia.

Hoje, sua figura está mais associada a do neto Aécio Neves. "Não dá para falar taxativamente que ele (Aécio) não será o candidato do PSDB à sucessão de Lula, mas a atual conjuntura favorece ao governador de São Paulo, José Serra."