O Ministério da Fazenda quer expurgar do IGP-M o impacto da correçao de tarifas de energia elétrica. Esse novo índice expurgado seria a base para as futuras revisoes das tarifas que, por contrato, sao indexadas ao IGP-M. Com isso, o governo quer evitar que aumentos concedidos ao setor realimentem futuros reajustes e, assim, a inflaçao.
Historicamente, segundo Cornélia, o governo "nunca" utiliza um índice expurgado para "o bem". O receio da economista do Dieese é de que o governo possa aplicar esse mesmo índice expurgado, por exemplo, sobre os reajustes salariais.
A energia elétrica, admitiu a economista, tem um impacto significativo na formaçao do Indice de Custo de Vida. As classes sociais mais pobres sao as mais afetadas pelos reajustes das tarifas. Em 1999, o ICV-Dieese acumulado foi de 9,57%, sendo que os preços públicos, reajustados em 21,68%, contribuíram com 3,86 ponto percentual. A energia elétrica contribuiu com cerca de 1 ponto percentual.
No ano passado, a inflaçao passou a ter altas sucessivas a partir de maio, com o aumento das tarifas públicas. A energia elétrica, por exemplo, traz impacto na inflaçao de junho a agosto já que o reajuste é diluído nas contas. Desde outubro do ano passado, o governo vem admitindo que poderia limitar o reajuste das tarifas, para evitar o comprometimento da meta de inflaçao de 6% para 2000.
Ao comentar a proposta do governo, a analista Rita Rodrigues, da Tendência Consultores, ponderou que tem dúvidas sobre a possibilidade de mudança de indexador, nos contratos do governo com as concessionárias de energia elétrica. "Se os contratos permitirem, seria um fator positivo à medida que limitará a alta da inflaçao", disse.
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